terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal

Começo a contar os dias. Os dias que faltam para o homem de barba branca descer a chaminé da lareira. Sim! Ainda acredito. Apesar da idade, ainda acredito que o Pai Natal existe. E o menino Jesus sabe que me portei bem.

É sempre com emoção que o vejo iniciar, na Lapónia, sua viagem, sentado no trenó e puxado pelas renas. É verdade que ainda não o vi voar, mas isso não é razão para duvidar de sua existência. É uma dádiva a que poucos têm acesso. Talvez os mais incrédulos tenham prioridade para testemunhar tal façanha.

O presépio está feito. Família sagrada sobressai de entre centenas de figuras. Mais que o ter em lugar privilegiado da casa, está a convicção que nos está a proteger, a abençoar. O menino deitado nas palhas olha por todos nós. E não lhe peço mais nada…

A árvore cuja estrela no cimo fica a rasar o tecto, está feita com a desorganização das crianças. Decoração pouco ou nada simétrica sem haver monopólio de uma cor. Todas as cores têm direito a “viver” nesta árvore. Muitas bolas, sinos, anjos, pai e mãe Natal, pinhas, fitas e muita luz. Piscam ao som da música que nos embala e nos transporta para um outro mundo. O mundo em que todos deveríamos viajar nesta época, mas assim não é…

Escrevo a carta ao Pai Natal, pedindo meus desejos. Sempre achei que tinha maior eficácia, do que as passas de uva no Ano Novo. Do Pai Natal, sei que depois confraterniza com o menino Jesus. E eles, reunidos, lá sabem se os mereço ou não. Das passas de uva, nada sei… a não ser que é complicado as comer durante as badaladas da meia-noite. Depois… seguem o caminho de qualquer outro alimento.

Natal é família. Gosto de a ter reunida. Acender a lareira, mesmo não estando frio e ali ficar… a conversar, a brincar, a ver as sobrinhas ansiosas tal como eu ficava na idade delas. Sabem que ali em casa, o Pai Natal só chega depois de todos estarem a dormir. Ainda sonho com o dia de ter um Natal com neve. Ver a brancura nos telhados e campos circundantes nesta noite mágica. Construir um boneco de neve, mesmo que depois digam que tem a cara bolachuda como à minha. Pouco importa…

Mas Natal não é só alegria. Não consigo passar esta época sem pensar nos outros. Como era bom que todas as crianças pudessem viver esta quadra de maneira igual. Não com muitas prendas acabando por brincar com nada. Mas tendo o aconchego quente de um lar, de sentir o carinho de uma família, de ter uma ceia digna e então no fim abrir um presente.

Vivo em constante conflito comigo próprio. Não consigo deixar de pensar neste mundo cruel tendo as minhas dúvidas de ser o melhor. A comida que sobra sempre e outras sem nada na mesa. As prendas que se abrem não dando o devido valor enquanto outros nada têm para dar o mínimo dos valores. Dos pais que trabalham todo o ano e mesmo assim não conseguem concretizar o desejo dos filhos. Muitas vezes o desejo é tão só um par de sapatos novo, uma camisola.

É nesta mistura de sentimentos que me faz acreditar no espírito de Natal. No espírito que invade e se entranha nas pessoas, parecendo todas boazinhas e mesmo por vezes contrariadas ajudam o próximo. Acredito no dia em que esta magia se enraíze nas pessoas e se prolongue para além de Dezembro.

A começar por mim, por vós…


Feliz Natal


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Marinheira

Foste marinheira
Maruja de alto Mar.
Barco à deriva
Bússola sem Norte
Colheste tempestades
Raios relâmpagos
Escuridão da noite.
Temeste viagem
Enfrentaste demónios
Salteadores piratas
Monstros dragões
Passaste Tormentas
No Cabo temível
Onde audazes
Receiam passar.
Perdida no Mar
Naufraga solitária
Prisioneira da vida
Temeste futuro
Bonança
Céu descarregado
Mar sereno
Bom porto à vista.

Marinheira…
Bom ver-te
Chegar a Terra.
Guiada pelas estrelas
Trazida na corrente.
Forte, corajosa
Lutadora heroína
Remaste sem forças
Marés adversas,
Seguraste no leme
Alteraste destino
Soltaste amarras
Movimentos presos
Palavras mudas
Sorriso aberto.
Nova esperança
Oportunidade divina
Paz abençoada
Brisa calma
Vida nova
Novo Ser.

Marinheira…
Tão bom ver
Mirar, aplaudir
Fazeres-te novamente ao mar...
Numa viagem
Sem medos, temor
Angustias, terror
Alma aberta
Ao amor.
Ao Sonho
Príncipe encantado
Num cantar de pássaro
Encontrado, descoberto
Conto de fadas
“Felizes para sempre”
Tornado real…
Coincidências
Destinos feitos, cruzados…
Marinheira…
Inicias nova viagem
Mais amada
Mais Viva
Mais mulher.

Boa viagem…

(dedicado a uma amiga)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Brilho da estrela beleza da flor

Sonhei…
Eras estrela mais brilhante do firmamento.
Aquela a quem todos pediam desejos,
Mesma que guiou Reis magos à manjedoura.
Podia o Sol reinar, lua cintilar
Era a ti…
Que todos procuravam no meio da constelação.
Sonhei…
Eras flor mais bela da Terra.
Aquela a quem todos queriam pegar,
Levar na lapela ou presa no cabelo.
Podia haver flor rara, maior, mais vistosa
Era a ti…
À tua beleza natural que todos procuravam para ter nos seus jardins,
Oferecer um dia à pessoa amada.
Sonhei…
Brilho da estrela beleza da flor.
Assim nasceu teu olhar, teu sorriso.
Nasceu estrela que brilha em teu olhar e me guia à felicidade.
Nasceu flor que brota em meu coração por cada sorriso teu.
Sonhei…
Que era tua fonte de alimentação
Sol, agua, poeira, nitrato, sal mineral.
Aquele que te fazia brilhar numa vivência ímpar, sem igual
Afastando nuvens, tempestades
Num sopro abismal.
Regando teu cal, colhendo teu pólen
Abraçando folhas, protegendo frágeis pétalas
Tua redoma, estufa seria
Natureza agreste não te tocaria.
Sonhei, sonharei…
Onde bebes tua felicidade, retribuis minha alegria.
E no dia que não conseguisse fazer brilhar teu olhar
No dia que não conseguisse fazer-te sorrir…
Morreria…
E lentamente acordaria
Deste sonho que me dá a vida.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Porque não entendo os fumadores

Apetece-me escrever sobre tabaco. Não! Não vou escrever directamente sobre seus malefícios. Esses, já todos conhecem. Apetece-me falar das pessoas que exercem o tão “nobre” acto e do modo como levam a vida de um modo incoerente. Ou da maneira como levam a vida de modo coerente e depois abrem a janela da incoerência, como se não fosse importante para definir a sua personalidade. É verdade que é preciso conhecer bem as pessoas, mas não é assim tão difícil de detectar tais incongruências nas suas vidas.

Quantos de nós conhecem pessoas que fazem exercício, frequentam ginásios… Sim! Porque o exercício faz bem à saúde. “Corpo são em mente sã”, acho que é assim que se costuma dizer. Acontece, que para muita desta gente, o “corpo são” limita-se apenas e só ao aspecto físico. Já a mente sã, não me parece que seja de quem fume. Antes pelo contrário. Que querem eles afinal, quando acabam de andar de bicicleta, de correr ou de fazer qualquer outro exercício e ainda ofegantes puxam de um cigarro!? Se calhar o melhor para esta gente é mesmo correr ou andar de bicicleta no meio do trânsito. Assim, à medida que vão exercitando, vão “fumando” uns tubos de escape. Juro que não entendo…

Como não entendo as pessoas que vão caminhar para a beira-rio, para o parque ou para a praia à beira mar, longe da poluição que a vida citadina oferece diariamente. É vê-los inspirar, expirar, como se os pulmões estivessem a limpar. Podia pensar que seria para poderem respirar um pouco de ar puro, mas… no final… puxam de um cigarro!?!?

Também há aquelas que se preocupam com a alimentação. Não comem certo tipo de carne, porque tem muita gordura, peixe só de certa espécie porque não sei o quê…, doces só muito de vez em quando, sal nem pensar, pão só com nada porque o conteúdo engorda. Fritos nem vão à mesa. Fruta, muita fruta, porque faz bem e quase sempre sabem o valor calórico do que consomem. Alguns, vão ao extremo de serem vegetarianos. Digamos até que grande parte deles sabe fazer refeições equilibradas, ou tentam. Mais vale tentar, do que não o fazer, verdade. O que já não percebo é porquê que acabam a refeição com um cigarro… Não estou a ver onde possa entrar na roda dos alimentos, para ter o “luxo” de fazer parte de tão rígida ementa.

Podia agora falar só do sexo feminino, mas hoje em dia, já é comum em ambos os sexos. Eles são cremes anti-rugas, eles são cremes anti-envelhecimento, eles são cremes para hidratar, outros para limpar, esfoliar, há os de dia, tarde, noite, toda uma panóplia para que a pele esteja sempre bem e aparente juventude com o envelhecer. Desconheço, mas talvez os cigarrinhos que esta gente de pele aparentemente bonita fuma, possa ser também vitalizante. Quem sabe se um dia destes ainda vou ver nos SPA`s “banhos de fumo para o seu corpo”. Até já imagino a oferta – Na compra de dois banhos de fumo de cigarro, oferecem um banho fumegante facial de cachimbo.

Mas há mais…

Há aquele que tem medo de apanhar doenças. Não anda de transporte público porque são antro de Vírus, Viroses & Companhia, Lda., andam de toalhitas e spray e passam o tempo a limpar as mãos quando tocam em qualquer sítio. Têm medo de um simples resfriado ou constipação e depois… fumam como se fosse um antiviral qualquer. Deve ser isso, porque de outra forma… Como perceber o terem medo de algo que tem tratamento, é curável e nada temerem sobre as substancias que ingerem ao fumar e que no seu maço diz apenas “FUMAR MATA”!?!?

Ou aqueles que fumam quando têm frio para aquecer. Caso não engulam o cigarro acesso… Como pode este aquecer!?!? A não ser que façam do cigarro uma pequena fogueira ambulante… A sério que nunca ouvi dizer que a intoxicação aquecia.

E as que se preocupam a escolher o melhor dos perfumes!? Que têm aromas para cada estação e para cada indumentária. Saem de casa todas cheirosas e entram ao fim do dia com uma mistura de “perfume francês com tabaco”. Creio que já não conseguem ter o olfacto em condições, caso contrário…

Depois há aqueles que se vangloriam como se fossem heróis. Não contam cigarros/dia, contam maços. E ao dizerem a quantidade só falta dizer “Sou muito bom, suporto mais produtos tóxicos no organismo do que tu…” Como se fosse uma actividade radical, onde o objectivo é ver quanto mais se consegue fumar, sem acontecer nada derivado desse facto. A quem acontecer… perde, é considerado um fraco. Muito ao género da roleta russa. Até um dia…

Também há os mini consumidores. Fumam três ou quatro cigarros/dia. Pensam assim, que não são dependentes e não é aquela quantidade que lhes pode fazer mal. É a maneira de se enganarem a elas próprias. Aliás! Só os fumadores é que conseguem entender as desculpas uns dos outros. Como só eles conseguem entender o porquê de puxar um cigarro quando o seu interlocutor também puxa. Solidariedade!? Uma questão de cortesia!? Mas que raio… Não entendo muita coisa, mas o que não percebo mesmo é o fumar só porque o outro também fuma. Será que não têm uma coisa a que se chama cérebro!? Será que o vício de um organismo se transmite a outro? Ou é uma questão de produtividade? Fumando cada um o seu, aumenta a névoa à sua volta e ainda alastra para outra zona!?...

Por fim, ainda me lembro dos amigos do ambiente. Preocupam-se com a camada do ozono, reciclam, utilizam lâmpadas económicas e depois… beata para o chão que é o lugar dela. É vê-las voar de todo o lado – da janela do automóvel, da janela de casa, … no meu tempo isto tinha um nome, mas como as coisas evoluem eu é que devo de estar mal por não achar graça à falta de higiene e à pouca consideração que têm pelos outros.

Acredito seriamente, que as pessoas que fumam não se apercebem da figura que fazem, por vezes, ao fumar. Em alguns sítios fechados, foram criadas zonas de fumadores. Geralmente num cantinho onde a circulação de ar é deficiente. Então é vê-los naquela área minúscula, uns em pé, outros sentados, partilhando um cinzeiro, sob a névoa “londrina”que só eles conseguem suportar. Costumo chamar a estes sítios “casa de chuto”. Vão ali, consomem e vão embora como se nada fosse. Demasiado deprimente e triste. Como é possível, o Ser Humano se sujeitar a certos comportamentos por causa de um vício que os próprios conscientemente criaram? Outro caso é o ver à porta das empresas aglomerados de fumadores. Uma pessoa que entre no prédio e mesmo que não queira, “fuma” logo um maço inteiro, tal é a quantidade de gente que por vezes se junta naquele ritual, na rua, mas à entrada.

Sim! Fuma quem quer, têm esse direito. Cada um escolhe como viver, bem como acabar consigo próprio. Há gente que faz um esforço para viver o máximo de anos possível junto de quem gosta, já outras, tentam apenas viver o indispensável mas de aparência bonita, enquanto apodrece por dentro e raramente pensando naqueles que deles gostam – chama-se a isto egoísmo. Que os próprios se metam na “jaula” dos fumadores, é uma coisa. Outra é arrastar, por exemplo, os filhos. Quantas vezes já me deparei com pais acompanhados dos filhos, que escolhem lugares destinados a fumadores nos restaurantes e/ou cafés. Questiono o quanto os possam amar, o quanto lhes querem bem. Na rua não os deixam brincar, porque é um sítio sujo, cheio de bactérias, a relva tem porcaria de cão e no entanto… iniciam-nos como fumadores passivos.

Não sou fumador. Não suporto o cheiro a tabaco e entristece-me ver familiares e amigos a fazer as figuras atrás descritas (e outras). Ainda para mais, sabendo do mal que faz. Não consigo ser indiferente. Quando o fazem, evito olhar para elas. Prefiro olhar para o ar, sem nunca deixar de pensar… como a droga é uma coisa triste.


Nota: Este texto não foi escrito com nenhum intuito cómico. Nem sequer as situações foram empoladas. Infelizmente é a pura da realidade

sábado, 6 de novembro de 2010

Veneza

Veneza!...
Vêneto Italiano
Beleza sem igual,
Ruas labirínticas
Onde me perco...
Perco sem me perder
E contigo me quero perder
Na alegria de teu sorriso
No suspiro
De nossas almas.
Canais de agua turva
Límpida ao meu olhar
Quando teu rosto se reflecte
No seu ondular.
Vaporetos, Gôndolas
Navegam com destino
Navego eu
Até ti
Sem rumo definido
Com destino
A teu porto
Razão de viver
Existir.
Águas que transbordam
Alagando praças, ruelas
Invadindo portas fechadas
Entrando sem bater...
Bate meu coração
Invadido pelo teu Ser
Ritmo cardíaco
Valsa perfeita
Dançamos sem saber.
Veneza das Igrejas
Colossais, monumentais
Das Pontes que atravessam
Margens de canais.
Pontes da vida
Difíceis de passar
Quero de mão dada
Contigo atravessar
Contigo abraçar,
Permanecer, estar
Onde reine felicidade
Alegria constante
E saudade
São horas
Não dias semanas.
Veneza das mascaras
Fantasia, Carnavais
Brincadeira de uns dias
Sonho de outrora
Viagem real...
Como és bela Veneza
Mais bela ainda
Com tua presença
Veneza das Venezas

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Olhar pela janela

Quero
Conhecer o mundo
Países, cidades, vilas
Viajar pelos continentes...
Atravessar a rua bastava
Ou apenas olhar pela janela.
Quero
Correr pelos campos
Sob sol, chuva, neve
Praias, serras, vales...
Atravessar a rua bastava
Ou apenas olhar pela janela.
Quero
Ir ao cinema
Teatro, musical, circo
Tivoli, Coliseu, Atlântico
Broadway, New york, Salzburgo...
Atravessar a rua bastava
Ou apenas olhar pela janela.
Quero
Dançar a valsa
Salsa, samba, tango
Corridinho, bailinho...
Atravessar a rua bastava
Ou apenas olhar pela janela.
Quero
Partilhar sentimentos
Alegrias, tristezas, medos
Rir, chorar, suspirar
Zangas, barulhos evitar...
Atravessar a rua bastava
Ou olhar pela janela
Quero
Atravessar a rua
Olhar bem perto sua beleza
Encantar-me pelo olhar
Mil sorrisos guardar
Outros tantos beijos dar
E deixar de olhar pela janela.
Quero
viver!...
Namorar, casar, morrer
Pai, avô, netos.
Sem atravessar a rua
Todos juntos à janela.
Quero
Sonhar!...
Pensar, idealizar, constatar
Do outro lado da rua
Habita uma geração
Descendência, sucessão…
Atravessam sem medo a rua,
Olham por nós
Onde estivermos…
Não só pela janela.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sombra

Sombra
Que persegue
E apanha o Ser
Sem o Ser entender.
Sombra
Que entra na vida
Sem vida perceber
Sua presença.
Sem entender, perceber
Escuridão que assombra
Luz da vida.
Sem compreender
Noite
Em pleno dia.
Sombra
Que persegue Felicidade
Acabando encantamento.
Negra cor
Que se intromete
Em arco-íris
Luzidio.
Célula maligna
Que invade corpo são.
Predador
Garras, dentes afiados
Feroz animal
Atacando sua presa.
Sombra intrometida
No amor de Julieta e Romeu…
Não!!...
Luz que encanta vida
E dá chama à paixão
Luz que ilumina
Amor de mortais
Luz que reina
Histórias de imortais…
Vence esta sombra surgida
Que se quer alastrar
Dissipa-a
Extermina-a
Sem vida abalar
Amor, Paz
Sempre reinar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O mais belo dos dias

Noite escura, breu
Céu estrelado
Cintilante
Brilho de teu olhar
Faz das trevas novo dia.
Madrugada
Nasce o Sol
Encanto de teu sorriso
Rejuvenesce novo dia.
Meio-dia
Sol coberto, encoberto
Chuva, granizo, neve
Apenas tua presença
Faz do dia Primavera.
Entardece
Pôr-do-sol
Fim do dia…
Olhar brilha, sorris
Conjugados
Iluminas uma vida
E fazes do dia
Apenas e só ser
O mais belo
Dos dias.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tejo Douro

Tejo!
Amigo confidente de uma vida.
Tágides que habitam em ti
Embelezando teu leito,
Espelhando Lisboa.
Mandai pelotão de gaivotas
Mensageiras da verdade
Ao curvilíneo Douro.
Gaivota que encabeça missão,
Levai em teu bico
Beijo sem demora,
Levai em tuas asas
Mimo fraterno de um abraço.
Corre suas margens
Desde a Foz à Ribeira.
Abraça Invicta Porto
Cidade universal.
Sobrevoa telhados,
Cúpulas, mil igrejas, capelas.
Clérigos, Santa Clara, Sé,
Carmo, Carmelitas
S. Pedro Miragaia.
Em S. Martinho de Lordelo pousa
Ouve cantar sinos
Badaladas de um coração.
Gaivota!
Grasna, guincha
No parapeito
Onde saudade mora
Alma sente.
Grasna, guincha
Alegremente, vivamente
Entrega mensagem,
Guarda imagem, seu sorriso.
Por uns minutos descansa
Ganha fôlego, energia
Volta ao cais de partida.
Depressa!
Voa depressa, bem alto
Ansiedade espera
Tua chegada, entrega...
Sorriso por ti guardado
Por mim saudoso.
Sorrio, descanso
Neste rio que é Tejo
Pensando Douro
Sorrio, descanso
Nesse sorriso que é Douro
Não esquecendo Tejo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tempo (carta aberta)

Tempo!...
Porque corres quando campos ficam em flor, pássaros regressam fazendo ninho, quando crianças se refugiam em brincadeiras fugindo da dura vida dos adultos!?
Para onde vais!? Qual a pressa de separar quem ama e vê em ti obstáculo. Porque não páras tu quando a felicidade está presente, quando a alegria reina a vida!? Porque cortas tu esse bem-estar!?
Tempo!...
Porque corres lentamente quando a agonia e a infelicidade reina!? Quando lágrimas brotam de olhos inchados e deslizam pelo rosto caindo no vazio, quando a vida é feita de desgraça, não fazendo sentido...
Tempo!...
Corre depressa quando a saudade precisa de ti para a matar. Corre! Não pares quando a separação é o dia-a-dia e precisa de ti para se encontrar. Corre! Corre! Velozmente que alguém precisa de ti para amar.
Tempo!...
Quem controla teu mecanismo dispensando o "pause" nos momentos de paixão... Não carrega no "Forward" quando não fazes qualquer sentido e se quer que passes à frente… Quando o "Stop" deveria ser accionado perante uma briga, guerra ou conflito…
Tempo!...
Pára!... Não te movas! Deixa o que é belo fazer escola. Deixa descansar quem necessita recuperar forças, deixa quem se abraça sentir prazer do gesto, deixa que o beijo se prolongue eternamente… não deixes a despedida acontecer.
Tempo!...
Dá vida eterna a quem ama e deixa teus ponteiros descansar, deixa grão de areia na ampulheta não cair, guarda as badaladas que não se querem escutar…
Corre! Dá corda, adianta ponteiros, solta badaladas, faz de uma só vez cair grãos de areia diminuindo distâncias, diminuindo ausências de afectos ultrapassando maus momentos que não ficam para a história. Quebra rotinas sem sentido, brota sensações positivas nesse espaço.
Tempo! Acredita ser capaz. Acredita que o mundo é bem melhor se souberes contemplar quem de ti precisa para amar e fazer o bem.
Tempo! Que estou para aqui a dizer!?... Porque te culpo eu, quando somos nós quem te controlamos...
Quando devia estar a dizer a alguém o que sinto e perco-me aqui escrevendo-te… em vão.
Tempo, Escuta!... Não te dou mais atenção. Parado ou a correr, garantirei que cada teu segundo, grão de areia, badalada valha a pena.
Tempo!... É tempo de Amar
É tempo de Viver...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Linhas paralelas

Segue…
E nele segue.
Linhas paralelas
Destino definido.
Paragens intermédias
Pausas intermináveis.
Atravessa rios,
Pontes de duas almas
E um só fado
Sobe, desce serras.
Corta campos, terriolas a meio.
Postes, casas, árvores
Tudo para trás
Como se andassem em sentido contrário da vida.
Só ele vai bem… (sensação!...)
Direccionado à presença
Cujo nome é estação, apeadeiro final.
E segue...
Coração!
Máquina humana
Sem descarrilar, segue…
Acelera no caminho da certeza
Trava em caminhos incertos.
Mas não pára.
Não pode parar… atrofiar, morrer.
Horário cumprido
É o matar d`ansiedade
Chegar ao destino
É o aniquilar da saudade.
Culminar da viagem
Abraço, beijo dado
Palavras trocadas
Em sorridente silêncio.

Segue…
E nele regressa
Linhas paralelas
Afastando-se da vida
Onde mora felicidade.
Apita na despedida
Gritando, aumentando saudade
Lágrima nos olhos… segue.
Linha paralela
Afasta, distancia…
Quem um dia há-de juntar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Caminho

Caminho…
Trilho pegadas em fina areia
Entre dunas e mar agreste
Sol encoberto, aragem forte
Chicoteia corpo, fere alma.
Neptuno irado apaga rasto
Passos perdidos sem destino
Mente pesada, procurando paz
Extenso areal, reflexão
Sossego, silêncio, confissão.
Rebentação, salpicos salgados
Dá-me a mão, escuta palavras
Tempera o Ser
Faz-se luz.
Caminho…
Sol brilhante, bronzeia corpo
Vento ameno refresca alma
Gaivota perdida, encontra rumo
Veleiro solitário, atraca bom porto.
Mar calmo, sereia perdida
Trilhos seguidos, caminhos cruzados
Esperança esquecida, agora encontrada.
Caminho…
Junto ao mar…
Ouvindo seu cantar
Abraçando sua presença
E mesmo na sua ausência
Caminho de mão dada, suspirando
Acarinhado pelos deuses
Sigo corrente, nosso trilho
Até onde o vento nos levar
Permitindo sonhar,
Vivendo…


domingo, 4 de julho de 2010

Rt_Action - O dia em que se fez solidariedade :-)))

Dois de Julho do ano dois mil e dez. Para muitos não diz nada, para outros diz algo, mas para os seguidores e “amigos” do Rt_Action, não só diz, como vai marcar suas vidas e história nas redes sociais.
Para os mais cépticos quanto às capacidades da Internet e mais propriamente das redes sociais, aquela sexta-feira desmentiu (se ainda fosse preciso) que estas não são só lugar de engate ou de prostituição virtual, como alguns gostam de denominar. São aquilo que se quer que seja, ou melhor, aquilo que cada utilizador faz dela. Felizmente, quem utiliza o Twitter e por arrasto o Facebook, sabe e veio a conhecer pessoas que com pequenos gestos, acreditam e levam os outros a acreditar que é possível mover montanhas. Vários nomes são, aqueles que estão sempre disponíveis para participar nestes pequenos gestos que podem fazer a diferença. Apenas refiro dois e com eles homenagear toda a equipa e todos aqueles que costumam estar sempre presente – Joana Sousa e Paula Pico. Em comum não têm só o Rt_Action, têm também o pioneiro Twittmedula, que já fez com que muitos utilizadores das redes sociais sejam hoje potenciais dadores de medula óssea.
Voltando ao evento propriamente dito, pode-se considerar, em todos os aspectos, que foi um sucesso. Claro que existem arestas por limar, mas o essencial foi conseguido. O objectivo desta primeira iniciativa era ajudar a instituição “Ajuda de Berço”. Organizou-se um jantar com este intuito, cuja entrada deveria ser acompanhada por um bem material que fizesse parte da lista fornecida pela instituição e que à altura fazia mais falta. Cerca de oitenta pessoas compareceram ao jantar acompanhadas pelo seu donativo material. Mais, muitas mais se associaram e não podendo ir ao jantar, fizeram chegar, seu contributo, havendo vários pontos de recolha de bens a Norte (Paredes), em Lisboa e nos arredores (Caneças e Bobadela). Para primeiro evento, ter conseguido mais de cem pessoas e algumas empresas a contribuir para a instituição, mostra o empenho e suor posto não só na causa, mas também no acreditar do projecto em si. Por vezes falar é bonito e fica bem, mas de valor são os que voluntariamente, sem ganhar algo em troca, estiveram e se disponibilizaram para participar nesta acção.
Neste dia, houve sorrisos, felicidade de quem estava a ajudar e pelo que se estava a ajudar. Neste dia, houve alegria por poder partilhar tal sentimento com outros tantos como nós. E ali, mais uma vez ficou provado, que a solidariedade não tem cor, partido, clube, estatuto ou classe social. Naquele restaurante, naquela Avenida de Lisboa, só se notava uma presença – o do SER SOLIDÁRIO… E bem longe, se podia ouvir cada um daqueles corações, bater a um só ritmo.
Estou certo e conhecendo bem as pessoas que estão à sua frente, que foi tão só o primeiro de muitos que hão-de surgir. Multiplicar o número de participantes na próxima causa, por dois, não me parece difícil. Difícil é conseguir parar esta gente que com pequenos gestos, torna o mundo um bocadinho melhor.
Bem-haja a todos os que de qualquer forma ajudaram para que a vida de outros seja um pouco menos penosa.

Nota: Texto colocado simultâneamente em http://twitt-tribuh.blogspot.com/

Blog: http://rtaction.org/
No Twiiter: http://twitter.com/rt_action
No Facebook: http://www.facebook.com/rtaction

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Fosse Veleiro

Mar!...
Fosse Veleiro
Deslizava em teu corpo.
Seguia corrente
Confiando destino.
Serpenteava rochedos,
Mareava deserto
Saboreando tua calma.
Âncora lançava
Tocando tua pele
Sentindo desejo.
Prendido a ti
Contemplava Coral
Reino de Neptuno.
Vida multicolor
Habitante em ti
Abraçava meu casco.
Estrelas do céu
Reflectiam no teu olhar.
Sol… Aurora, Ocaso,
Acaso, nascia, adormecia para nós…
Mar!...
Ira enfrentaria em tuas vagas,
Cócegas suportaria quando picado.
Mas quando entrasses em mim, Mar…
Meu amor entregaria,
Não resistiria…
Em tuas profundezas
Contigo viveria.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Brincadeira de S. João

O espaço que se segue, é uma pequena brincadeira, entre dois twitters. Muitos não vão compreender o sentido das quadras e muito menos o porquê de certos termos, desde já as minhas desculpas, mas tinha mesmo de colocar isto aqui.

Já não havia Manjerico
Florista de má onda
Para a pequena Magui
Não vai songa-monga

Verdusco brincalhão
Em dia de S. João
Querias o euro milhão!?
Dei-te um manjericão

Eu avisei ou não?
Twittaste e vais ter
Lindo manjericão
Que não há-de morrer

Para tratar bem dele
Não precisas de bigode
Nem colocar roxa a pele
Para gerar pagode

O aroma perfumado
Deste lindo manjericão
Só pode ser sentido
Por belo coração

Em nome do Verdusco
Recebe estas quadras
Não é que seja cusco
Mas… e as alfinetadas?

Nota: Teve de ser Manjericão. Isto foi feito à pressa e para rimar com manjerico só me surgia mico e penico LOL

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Nada (tudo) tenho para te dar

Nada tenho para te dar…
Amor, ternura, paixão… É só.
Fazer de ti, centro de minha vida… É tudo.
Não queres!... Queres mais…
Nada disto!… Sei...
Sentimentos!
Sentir teu coração falar!
Mudo! Nada!
Nem sequer o bater.
Não sou quem queres que seja… Talvez sim.
Queres mais…
Minha, tua vida
Meu estatuto, amar-te…
Queres outro!?...
Não tenho!... Talvez tenha.
Minha prioridade!? Fazer-te feliz,
Sorrir… dia, noite, uma vida.
A Tua!?... Obscura, sombria… negra.
Tenho tudo para te dar
Mas não dou
Nem darei

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Voar

Quero voar!
Saltar do cume mais alto
Descer a pique o desfiladeiro
Planar sobre o rio.
Voar!
Sentir o ar a trespassar
Chão a aproximar
Queda sustentada
Pelas asas do teu Ser.
Quero Voar!
Até ti que me iluminas
Amparas o cansaço
E a sede me matas.
Voar!
Para lá do horizonte
Onde o EU não existe
E o TU não me espera.
Quero Voar...
Sonhar…
Sentir que o EU e o TU
Coabitam no mesmo voo.
E juntos voam…
Deixando o passado
Sobrevoando terra e mar
Procurando o futuro.
Não quero mais voar
Não quero mais sonhar
Apenas e tão só…
Em Paz, o NÓS, Viver.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Esperança

Nublado!...
Hei-de assoprar nuvens que pairam no céu.
Persistentemente enquanto tiver fôlego.
No final, esperarei...
Que o Sol volte a brilhar
E tu a sorrir.

Mesmo no céu mais carregado e sem a ajuda do vento, acredito sempre na luminosidade e no aparecimento dos raios de Sol. Acredita TU também...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

No descampado...

Sol brilha…
Crianças brincam na praia, construindo castelos de areia que a maré ao subir irá desmoronar. Chapinham no mar azul, onde um dia hão-de nadar.
Outras, brincam no descampado mais próximo de suas casas, construindo castelos de entulho, sem ninguém se importar. O Mar, nunca viram, nadar é verbo que não sabem conjugar.

Chuva cai…
Crianças, protegidas da intempérie, assistem no ecrã do cinema à animação mais recente. Irá permitir-lhes renovar o super-herói preferido. Até um próximo surgir e a moda mudar.
No descampado enlameado, brincam no vão das escadas. A fita de cinema é rodada pelos próprios. Os heróis são os de antigamente. As novidades, só mais tarde irão descobrir, por os verem em todo lado, menos na tela.

Toca a campainha…
Crianças fardadas saem das viaturas dos pais e entram na escola. Sonham ser doutores, engenheiros, investigadores. Sonham aquilo que os pais são, ou simplesmente lhes impõem. O companheirismo dá lugar, à luta pela excelência. A luta de se ser o primeiro é mais forte que a amizade.
O descampado está vazio. Seus “donos” caminham a pé, sozinhos, até à escola. O sonho mais alto é ser futebolista ou modelo. O sucesso significa apenas e tão só, ser capa de revista e aparecer na TV. Tudo o resto está carimbado como “impossível”. Nunca deixaram de ser e funcionar como grupo. A amizade, para o bem e para o mal há-de sempre prevalecer.

A vida dá uma volta…
Anos passam…
Crianças crescem e tornam-se adultos. Fizeram… Fizeram-lhes seu destino, são hoje imagem de suas vidas. Algumas, perdem-se no meio dos sonhos, outras, agradecem a dádiva que lhes cruzou o caminho.
No descampado povoam doutores, engenheiros e tudo mais. Dependentes de algo que os domina, vagueiam procurando sustento para o vício, muito antes de alimento. Escorridos de casa, abandonados pela família fazem do entulho seu castelo, que aprenderam a fazer com areia. Seu mundo desabou.
Não estão sós…
No descampado surge gente, que ali brincou.
No descampado surge gente que não sabia o que era sonhar, nem nunca se fardou.
No descampado surgem os que tão bem conhecem o terreno. Pouco ou nada interessa sua profissão, apenas que vingaram em algo e superaram o obstáculo que a vida lhes deu.
No descampado, são estes, que outrora foram seus “donos” e desprezados por uma sociedade, que surgem para dar apoio, mão amiga e alguma dignidade. Voluntários e solidários.
Novas vidas vão nascer, amizades sedimentadas e humildade no agradecimento profundo. Outras sem destino, sem forças, acabam estendidas…
É no descampado que se vê, de que é feito o Ser Humano.
Mas no descampado… ainda há crianças a construir castelos de entulho e outras fardadas passam, ignorando seu destino, acompanhadas e moldadas por seus pais.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Acordo pela manhã

Acordo pela manhã. Raios de Sol entram pela janela anunciando a Primavera. Sim! Um dia belo. Olho para o lado e tu estás lá. Como é bom sentir, ver, alguém que nos escuta e dá mimo.
Na rua, pássaros cantam, movimentando-se de um lado para outro em busca de comida ou quem sabe, de algo para o ninho. Flores no seu esplendor dão mais vida e cor aos jardins. Tudo é belo e bonito quando estás junto a mim. És minha Primavera, árvore em flor, andorinha esvoaçante em busca de calor, rouxinol cantante em meus ouvidos. Sentir tua presença, é tudo que peço. Nada mais…

Acordo pela manhã. Luz do relâmpago entra pela janela a anunciar o Inverno. Sim! Um dia menos belo. Olho para o lado e não estás lá. Como é triste sentir tua ausência. Não ter quem nos escute ou nos dê afecto.
Na rua, chuva cai forte, levada a vento e ao som do trovão. Folhas vagueiam de um lado para o outro sem destino aparente. Tudo perde encanto quando não estás junto a mim. És meu Inverno, ave polar em busca de frio, uivo de lobo à procura de conflito. Sentir tua ausência, é tudo que não quero. Nada mais…

Acordo pela manhã. Luz da vida entra pela janela, venha ela de onde vier. Sim! Um dia é sempre belo. Que importa estação do ano, ter ou não alguém por perto naquele instante. Longínquo ou do outro lado da rua, importante é estar lá. Existir! Sabermos de sua existência.
Na rua, tanto o Sol como a chuva são dignas de bons momentos. Que valor podíamos dar a um sem a existência de outro!? Cada um vale por si só e no entanto, trabalham juntos em prol do nosso habitat. Tudo ganha encanto, quando assim é. Estando junto a mim, maior será, na sua ausência o encanto não se perde, com a saudade… ganha mais valor.

Acordo pela manhã. AMIZADE!... É tão bom saber da tua existência…

domingo, 16 de maio de 2010

Um dia com o Papa

Como já escrevi por aqui antes, não tinha qualquer tipo de afectividade com o Papa Bento XVI. Ainda não tinha despertado grande apreso por ele. Contudo, não deixava de ser o sucessor de Pedro na Terra e como católico que sou, o respeito pela sua figura nunca foi posta em causa, nem o cumprimento da sua missão.

O Papa vir a Lisboa e não o ver, era exactamente a mesma coisa, que ir a Roma e não o ver. Oportunidade, não direi única, mas, é daqueles momentos que não se podem\devem perder. Com este principio e não tendo direito a tolerância de ponto, tirei o dia. Não me contentava ir só para o Terreiro do Paço, para o meio da multidão, sem ter a certeza de o conseguir ver. Comecei o dia no Saldanha, colocando-me num ponto estratégico onde sabia que o podia ver à sua passagem e sem ter o infortúnio dele olhar para o outro lado da estrada. Assim aconteceu… Passou e acenou para o grupo onde eu estava. Não digo que vi o branco dos seus olhos, até porque à velocidade em que seguia o Papamóvel assim não permitia, mas vi-o muito bem. Tinha valido a pena apanhar com as gotas de chuva, alternadas com os raios de Sol. Tempo bom para constipações, o que não se veio a verificar.

Depois de almoço, mais cedo do que é costume e bem almoçado, porque o dia ia ser longo, meti-me a caminho do Terreiro do Paço. Ainda do Saldanha e a pé – uma espécie de aquecimento para o que as pernas iam enfrentar. Quem andou por Lisboa, neste dia, pode ver que não era um dia normal. Não, por grande parte das pessoas não ter ido trabalhar, nem por não haver trânsito. Havia, sentia-se uma alegria, naqueles que partilhavam o mesmo espírito. Saldanha, Marques de Pombal, Avenida da Liberdade, Baixa Lisboeta, eram locais cheio de jovens que se reuniram sob o movimento “Eu Acredito” e munidos de instrumentos musicais cantavam e alegravam uma cidade que estava em festa.

Consegui arranjar um bom lugar – em pé como é óbvio, mas de frente para o altar e onde a vista ainda conseguia enxergar as coisas. Os pormenores viam-se pelos ecrãs gigantes. O ambiente foi-se compondo e o recinto transbordou de gente. Apesar das horas passadas em pé, ou sentadas no chão e sob um Sol que aquecia bem, não ouvi ninguém se queixar. As pessoas sabiam ao que iam e o esforço, a dor, o sofrimento de alguns, era compensado pelo momento que se ia assistir. Entre as pessoas só se via alegria, sorrisos na cara e Fé. Sentia-se a Fé nas almas presentes. No recinto havia todo o tipo de pessoas, desde crianças até idosos, desde pobres até aos mais endinheirados. Mas uma pessoa, me ficou na mente. Um jovem que devia ou parecia ter a minha idade. Um jovem que se notava bem ser toxicodependente e que não estava no seu estado natural. Nunca faltou ao respeito a ninguém e até perguntava às pessoas à sua volta se podia fumar. Mal conseguia abrir os olhos, mas também ele estava no recinto pela mesma causa – orar com Bento XVI. Acompanhou a missa, como muitos não acompanharam. Quem sabe não estava ali, à procura de uma solução para a sua vida, para o seu problema. Assim tenha acontecido.

Da missa realço três momentos. O primeiro foi o discurso de D. José Policarpo. Um belo discurso. Falou da história do Cristianismo em Portugal e da chegada dos emigrantes com religiões e credos diferentes ao nosso país. A frase que me ficou na memória foi “A Igreja Católica não tira o lugar a ninguém”. O que diz muito sobre a maneira da Igreja Católica estar na sociedade.
O segundo momento foi a homilia de Bento XVI. Realçou o lugar onde estávamos e o papel dos portugueses que dali partiram para passar a palavra de Deus. Associou aos dias de hoje. Pediu sobretudo aos jovens para continuar a missão que nossos antepassados começaram. Com base nas últimas notícias, que têm assombrado o seu Pontificado, mas sem nunca as referir, deixou ainda a mensagem “ Nada derrubara a Igreja Católica” (sobre este assunto já escrevi antes).
O terceiro momento, foi o silêncio. O silêncio feito durante a oração. O respeito que se sentiu, naquele espaço foi único, comovente e “brutal” ao mesmo tempo. A Paz do Mundo estava ali. Por instantes, todos os problemas foram esquecidos. Aquela energia colectiva, que cada um absorveu à sua maneira não será esquecida. Será ela, que nos dará forças para enfrentar as vicissitudes da vida.

A passagem do Papa Bento XVI por Lisboa, mudou a visão que tinha, ou melhor, que não tinha por ele. Ao contrário do que a comunicação social fez-nos chegar, o Santo Padre é uma pessoa bastante afável. Bastou o ver a comunicar, a acenar, a sorrir para o povo. Vimos um Papa emocionado, com sentido de humor e próximo das pessoas. Trouxe a Portugal, várias mensagens. Não só para o povo cristão, mas também para o de outras religiões. Mas a que vai marcar foi a mensagem corajosa transmitida para o próprio interior da Igreja. Isto é complicado de explicar, mas, independentemente de concordar ou não com tudo o que possa dizer, sinto que ganhei um Papa. Desde a morte de João Paulo II existia um vazio, que começou agora a ser preenchido. E estou feliz por isso.

domingo, 9 de maio de 2010

Maria

Quero louvar o nome Maria
Virgem Santa mãe de Jesus,
Mãe de quem escreve estas palavras,
Mãe de minha mãe
E de meu pai também.
De Maria Madalena
Seus, nossos pecados
O mundo perdoou
E seu nome santificou.
Quero louvar teu nome Maria
Nome histórico, Rainha
Secular, Imortal
Respeitado em Portugal.
Quero louvar teu nome Maria
Nome de Ilha e cidade,
Vila, aldeia, beco
Sempre presente na mocidade.
Nossa Senhora Maria
O teu nome, de joelhos rogo
Por todos a quem amo
E meu coração entrego...
Purificando minha alma.
Quero louvar teu nome Maria
Tua grandeza infindável
Que as “Marias” do Mundo saibam
Carregar tão belo nome
E sobretudo respeita-lo.
Maria, teu nome louvo
Adoro e venero
De entre todos o maior
Por todos Senhora amada.

Maio, é para todos os católicos o mês Mariano. Quero, com este texto homenagear todas as “Marias” que conheço e que já se cruzaram de uma maneira ou de outra na minha vida. Nome comum, é verdade, mas de grande significado.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O valor de um sorriso

Há coisas que de tão simples, passam por vezes despercebidas e têm imenso valor.
Quanto vale um "Sorriso"!? Não é quantificável... É a mais-valia que recebemos, quando estamos em momentos menos bons e nos revitaliza. É o sentimento de alegria ao ver a expressão de alguém feliz. Pode significar “Gosto de ti…” "Ainda bem que aqui estás…" “É tão bom te ouvir..." ou ainda o mais simples "Obrigado!"

Um sorriso é capaz de fazer mais do que mil palavras. Há mesmo sorrisos, que não são traduzíveis – um sorriso e um olhar, tal como no código morse, só alguns o conseguem decifrar.

Um sorriso, dá-nos o direito a sonhar. A deduzir o seu significado e mesmo que não signifique o que queiramos, não deixa de ser um sorriso. Algo que recebemos de bom grado por alguém que partilhou a sua felicidade, alegria… E só isso por vezes é tão bom.

Todos nós temos um sorriso na mente. Seja de quem for. De alguém de quem gostamos ou de alguém que já partiu. Não é por acaso, que quando alguém parte desta vida, a imagem que queremos guardar, é a do seu sorriso. Dá-nos a esperança de pensar que ficou e que está bem nessa sua “viagem” – é tranquilizante.

Como o sorriso de uma criança. Há coisa melhor no mundo do que ver uma criança a sorrir!? A sua simplicidade, ingenuidade, um sorriso “limpo” sem qualquer outro significado que não o de pura alegria e satisfação. Quem fica indiferente ao passar por uma criança, que na sua brincadeira, sorri de “orelha a orelha”? Até a vida tem outro sabor, ao ver tal imagem.

Ou o sorriso de quem amamos. Como podemos ser felizes, se as pessoas de quem gostamos não sorriem? O seu sorriso, é… tem de ser o nosso sorriso. O seu bem-estar, é o nosso bem-estar. E vice-versa. Há que fazer tudo para que, esta expressão facial, não passe despercebida, não seja só mais uma… Há que fazer com que a felicidade reine. Sorrir é amar, é significar “Estou bem…”. O sorriso de um familiar ou de um amigo é melhor que qualquer remédio. Muitas vezes, cura as “maleitas” que nos atormentam o dia-a-dia. O seu não sorriso, é problema que temos de resolver. Com gestos, com palavras, com o que seja ou apenas e tão só com o nosso sorriso.

O sorriso não é uma expressão egoísta, é sobretudo um meio de partilhar sentimentos, algo de bom.
Confesso, que só há pouco tempo, percebi, o que pode significar um sorriso e o bom que é receber. As minhas desculpas a quem um dia, esperava um sorriso meu e não o teve. Não foi por maldade, mas sim pura ignorância, uma possível timidez que até rima com estupidez. Fui egoísta, ficando com o sorriso para mim, não demonstrando o quanto estava feliz ou o que poderia significar para vós. Acho que já dei um grande passo ao perceber isto. Aos poucos vou-o libertando e quando o virem, acreditem que é sincero, sabem que não sou de “teatros”. Espero ainda ir a tempo para que o meu sorriso, seja o vosso sorriso, porque muitos dos vossos já são os meus.
Vamos sorrir para a vida, para que esta também nos sorria… :-))

domingo, 25 de abril de 2010

Noite

Noite!...
Escuridão silenciosa.
Pergunto a Deus Nosso Senhor,
Fado que nos reserva.
Por mais que me concentre,
Não O consigo escutar.
Rezo por convicção
Nossa sina não entendo
Preciso de um sinal
Para poder descansar.
Insónias pensantes
Noites mal dormidas.
Penso em ti, penso em vós
Não em mim!...
E em nós!?

Noite!...
Olho para ti, como és bela.
Teu Luar ilumina
Sombras da escuridão.
Teu estrelar…
Constelações, obras de arte.
Cadentes rasgam céu,
Morrendo em Terra.
Chuva de meteoritos
Artificio de Luz divina.
Ouço teu trovejar…
Sinto tua cacimba…
Queria eu um sinal!?
É só interpretar…

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Catolicismo, Papa, pedofilia e tolerância de ponto

Se houve tempo em que ser comunista, era visto como um papão, chegou a vez do catolicismo passar pelo mesmo.
Como é óbvio, ninguém de bom senso ou de perfeito juízo mental concorda ou incentiva a praticas pedófilas. Se o abuso sexual, entre gente adulta, já é de uma violência extrema, o que dizer, cuja vitima é uma criança!? Não há desculpa, não pode haver desculpas. É crime! Ponto final. E como crime deve ser severamente punido com pena efectiva na sua totalidade. Dizem os estudos, que a maioria dos abusadores são próprios familiares, contudo, é uma infeliz pratica que atravessa toda a sociedade. Advogados, engenheiros, professores, médicos, trolhas, carpinteiros, homens de fortes e fracos recursos, estrangeiros, nacionais e também mulheres. Mas não se pode generalizar. Não podemos dizer que a Classe dos Advogados é pedófila, assim como a Ordem dos engenheiros, economistas ou o que quer que seja. Com isto, quero dizer, que me parece um pouco preconceituoso, o que se está a passar no actual momento em relação à Igreja Católica. Descobriu-se (ainda bem que assim foi) que existiram certos elementos do Clero, que tiveram praticas pedófilas e que os mais altos membros encobriram os factos. Vergonhoso, a meu ver, quem quer que tenha sido – Acólito, Padre, Cardeal, Bispo ou até mesmo o Papa. Quem encobriu os factos deve ser tão ou mais castigado como quem os praticou. E expulsos, pois a Igreja Católica é uma instituição, que pelos valores que defende e pela maneira como está implementada na sociedade, não merece ter esta gente nas suas fileiras. Mas para isso é necessário, descobrir a verdade - quem foi, quem encobriu, sendo o “onde foi” pouco relevante. Não podem os que desconhecem a história vir dizer que a igreja é um antro de pedofilia. Muitos, nunca gostaram de ver a sua presença na sociedade, aproveitando-se agora da situação para a enxovalhar – Há que ter respeito. Bem como, não podem vir a terreiro, membros da Igreja, conhecendo ou não a história, vir defender (o indefensável) quem quer que seja, com desculpas absurdas como associar a pedofilia à homossexualidade. Só desprestigia, ainda mais a instituição que não está a passar por um bom momento. A verdade acima de tudo, doa a quem doer e célere é o que se deseja.

A visita do Papa a Portugal e a tolerância de ponto dada aos trabalhadores da função pública é outro assunto que está a incendiar o país. Dizem os entendidos que a dita tolerância vai custar não sei quanto ao país. Acho que, sinceramente, não é argumento válido, mesmo dada a crise que o país atravessa. Ou melhor, parece-me que é só argumento, porque mais uma vez é a presença da igreja na sociedade que está em causa. Nunca ouvi ninguém fazer tanto rodapé com as outras dezenas de “pontes” que o país tem todos os anos. Muitas delas, associados a feriados que pouco ou nada dizem. O 13 de Maio, diz muito, não só aos portugueses como também a muitos estrangeiros. Alguém sabe ou tem conhecimento, de quantos milhares, todos os anos, pedem férias ou gozam folgas para o assinalar!? Pessoalmente, trocava muitos dos feriados existentes no calendário pelo 13 de Maio. Assim, como trocava a vinda a Lisboa da Nossa Senhora de Fátima pelo presente Papa, por quem ainda não ganhei grande afeição, não o colocando nunca ao nível do seu antecessor – João Paulo II.
Será de difícil compreensão, que quer se goste ou não, a visita do Papa é um momento histórico a que as pessoas não querem faltar!? Tendo “ponte” ou não a ausência ao trabalho de milhares de pessoas iria se notar. Há que acabar de vez, com este preconceito. Portugal, não é um país ateu, nem agnóstico. Portugal é um país, na sua maioria católico. Somos educados, tendo por base a doutrina e os valores católicos. Para muitos o ser católico é ir à missa todos os Domingos, confessar e tomar a hóstia. Não é! Ser católico é tal como em outras religiões, acreditar em algo que nos transcende. Algo que nos dá força e esperança. Algo que nos faz sentir bem após falar com o nosso “Deus”. E para isso, não é necessário ir à Igreja todos os Domingos.
É fácil criticar a Igreja, mas essas mesmas pessoas que o fazem esquecem-se o que a Igreja Católica, neste caso, faz pela sociedade. Quantas instituições não governamentais, quantos centros de estudo, de apoio e de tempos livres estão a ela associada. A quantas “bocas” dá de comer e de vestir. Quantos projectos de solidariedade, partem da Igreja católica. É claro, que não posso, nem devo acreditar em tudo o que a Igreja Católica defende. Mas as minhas divergências com ela, não são suficientes para dela me afastar.
Voltando ao assunto “ponte”, fica uma sugestão aos senhores que criticam tal acto. Vêm ai, alguns feriados… Que tal os substituir por dias de trabalho!? Afinal, é preciso combater a crise.

domingo, 11 de abril de 2010

Primeira paixão

Foi no dia do meu aniversário que a conheci, por intermédio de meus pais, lembro-me bem. Sua face redonda e corada, levou-me a arregalar os olhos e a sorrir… bastante, digamos. Como era bonita! A mais bonita que tinha visto até então. Vestia de preto e branco a contrastar, mas via em toda ela cor. Um sorriso tão grande acompanhava-me sempre que com ela andava. Depressa se tornou minha melhor amiga e companheira de brincadeira. Começámos a sair juntos, tal foi a empatia. Íamos para a escola, conhecemos e percorremos todos os jardins da cidade e na praia apanhávamos o mesmo sol e tomávamos os mesmos banhos. Como gostava de correr lado a lado, saltar, enfim… brincar e conversar com ela, apesar da sua timidez. Sua beleza era tal que todos olhavam e eu… Bem!... Sentia-me inchado por a ter a meu lado. Sentia-me um privilegiado por a ter como amiga e por poder partilhar seus, nossos bons momentos.
Havia também o contrário, quem não gostasse de nos ver juntos. Mas gostos não se discutem e a invejas não ligo… era a mais bela de todas. A minha primeira paixão. Fazia a contagem decrescente dos minutos que faltavam para estar com ela. Às vezes, nem segundos passavam. Aquela que entrava em meus sonhos e com ela percorria o mundo. Estava sempre no meu pensamento, quando comigo não estava.
Foram anos assim… agora é o desgosto. Sem saber bem porquê, deixou-me, abandonou-me… fugindo de mim.
Como tantas outras vezes, a caminho da escola, descíamos a travessa que ia dar ao rio. Naquele dia foi diferente. Largou minha mão, começou a correr como se lhe tivesse feito algum mal. E como correu… E como eu corri… Era inútil, foi inútil, pois corria mais que eu. Respiração ofegante, corpo suado, não aguentando mais aquele esforço, parei. Parei para me despedir dela. De lágrimas nos olhos, ainda a vi atirar-se ao rio e a nadar para longe aproveitando a corrente. E a desaparecer da minha visão, da minha vida. A minha ultima imagem. Nunca mais vou esquecer, agora, só recordar... a felicidade e a alegria, que aquela bola de futebol me deu.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Cruz da Vida

Jesus morreu na cruz.
Quantas cruzes há Jesus!?...
Mãe que sofre ao dar à luz,
Carrega sua cruz.
Por vezes sem ver cria…
Teve sua sina,
Carregou sua cruz.
Pai que sai de sua terra…
Longe educa, alimenta seu filho.
Dias, meses de saudade,
Ao carregar sua cruz.
Família que trabalha,
Sol a Sol sem descanso.
Carrega sua cruz,
Pão que diabo amassa.
Mendigo, sem vida própria…
Doente e faminto.
Chora na sua cruz,
Por um lençol, prato de sopa quente.
Inocentes maltratados…
Violados, espezinhados.
Vida prejudicada,
Carregam sua cruz.
Bebé abandonado…
Ao frio e ao relento,
Tão novo ó Jesus…
Carrega sua cruz.
Criança injuriada…
Sem amor, sem carinho,
Sem brinquedo, sem vida.
Carrega sua cruz… Porquê ó Jesus!?
Pequenos indefesos…
São estas minhas lágrimas.
Pesada cruz carregam,
Mesmo não tendo nada.
Em troca de seu sorriso…
Carrego sua cruz.
Escutai ó Jesus:
Tal como Tu
Quero morrer na cruz

quinta-feira, 25 de março de 2010

Deitar...

Deitas-te em teu leito…
Aconchego-te a roupa,
Até ficares bem aninhada.
Fechas os olhos…
Em tua testa dou um beijo abençoado,
Em teu ouvido sussurro “Bons Sonhos”.
Apago a luz…
Tua luz me ilumina agora.
Encosto a porta…
E afasto-me silenciosamente,
Na certeza de ter deixado um anjo a sonhar.

domingo, 21 de março de 2010

Chorei...

Hoje chorei…
Chorei ao não estares junto a mim.
Chorei tua presença…
- Inveja, eu sei!
Teu silêncio ensurdecedor
Simplesmente chorei.
Chorei…
Por não ver teu olhar,
Teu rosto de encantar, chorei…
Tua voz, balada de mil sons
Música em minha alma
Vibrar de meu coração, chorei.
Olhar fechado...
Gelado, branco cal, mãos entrelaçadas, chorei.
Teu sorriso!...
Sim! Teu sorriso!...
Estavas sempre a sorrir…
- Ainda o vejo!
Imagino talvez...
Quero acreditar!...
Mas chorei...
Deitado, envolto em seda
Flores aos pés, Deus à cabeceira… chorei.
Cada lágrima em teu rosto
É parte do teu corpo
Que cai sobre mim.
E comigo vai…
Fosse teu corpo também
- Inveja, eu sei
Chorei…
Por amor...
Tua amizade em pessoa,
Sentimento num corpo só.
Chorei…
E só por amor…
Bolas!... Caramba!...
Me separo agora
- Quanto custa…
Digo sem ouvires:
“Sorri e sê feliz”
- É amor eu sei
E sem poder lacrimejar…
Chorando… parti.


Acredito no amor eterno. Quando partimos, ninguém sabe ao certo o que nos espera ou o que sentimos – se é que sentimos algo. Acredito, que mesmo depois de iniciarmos a tal viagem, seremos capazes de amar… mesmo que nos custe. E amar quem sempre amámos é simplesmente desejar que essa pessoa seja Feliz e siga seu caminho.

domingo, 14 de março de 2010

Um bom momento

Hoje vi… senti a vida a passar à frente, a correr…
Muitas vezes me desloco à zona onde vivi quase trinta anos da minha vida e apenas de lá sai há cinco. Costuma ser de passagem, hoje parei. Fiquei… Hoje tive o prazer de reencontrar amigos com quem brinquei na rua e/ou com quem partilhei estudos. Vi as “avós” simpáticas que ralhavam quando tinha de ser, mas também conversavam e davam conselhos. E soube de outras que não voltarei a ver, como a “avó” que queria uma neta para casar comigo.
Cabelos brancos… muitos cabelos brancos e rugas. Rugas de alegria, de dor e de emoção. Por largo período não deixei, não consegui deixar de ter os olhos embaciados. Foi tão bom recordar a vida que cada uma daquelas pessoas, com as quais me cruzei hoje, partilhou comigo. As histórias são muitas, imensas.
Quão novo sou ainda e já digo “Bons velhos tempos”. Não é ser saudosista. É partilhar, sentir a emoção do que já vivemos. Não digo “Tempo volta para trás”. Digo obrigado, por hoje poder ter sentido aquilo a que não sei o que chamar. Obrigado, por passar alguns anos e aquela gente ainda me dizer algo. Significa que me marcaram de alguma maneira. É o bom… Foi o bom de viver numa antiga zona de Lisboa. Onde todos se conheciam, onde todos se falavam. E disso, não posso omitir… “Que saudades tenho da minha velha Lisboa, feita de pessoas”.
No regresso a casa, não liguei o rádio do carro. Silêncio… Precisava no silêncio deixar cair as lágrimas daquele momento, num largo sorriso. Da vida, do que ali vivi e espero continuar a viver e do quanto pequena ela é. Tão curta…

domingo, 7 de março de 2010

Dia 8 de Março de 2010 – Dia Internacional da Mulher

Talvez um dia, escreva o que realmente penso da Mulher. Por agora, apenas digo que é o ser mais completo e fantástico da Natureza. Se o Mundo podia existir sem a Mulher? Simplesmente não podia… É ela a geradora de vida e de sentimentos. Fica aqui uma pequena brincadeira em sua homenagem.


Cromossoma “XX” Hoje é teu dia

Menina…
Hoje é teu dia.
Ainda criança, mimada de colo, ternura de amor
Brincas aos “pais”, inocência de vida… o esplendor.
Rapariga…
Hoje é teu dia.
Profissional, estudante, rainha de festa…
Dona da vida, alegria, tristeza… dona de ti.
Mãe…
Apesar de teres dia próprio… e bem!
Hoje também é teu dia.
Conselheira, amiga presente em lágrimas e sorrisos…
Minha vida… é tua vida.
Avó…
Hoje é teu dia.
Velhinha carinhosa, simpática rabugenta
Saúde fragilizada, dependente de amor.
Foste menina, rapariga, mãe…
Continuas símbolo Mulher.
Amiga…
Hoje é teu dia.
Palavra sábia, honesta, confortável
Ombro importante no rir e chorar.
Amor presente, paixão quem sabe.
Diamante, pérola, valiosa… sempre serás.
Mulher…
Hoje é teu dia.
Hoje, ontem, para todo o sempre.
Por mais queira macho endiabrado, víbora mulher…
Serás sempre lembrada, defendida, respeitada…
Por quem te quer bem.
Cromossoma “X”…
Hoje é teu dia…
Se acompanhado d`outro "X" igual.
Nem sabes o bem, forçado, desejado ou não…
Que tiveste… que tens…
Em não ter a teu lado
O “Y” – o tal
Que te deferência
Para melhor… sem igual…
Hoje é teu dia…
Um dos teus dias.

terça-feira, 2 de março de 2010

Carta aberta... A Ti... e a Ninguém...

Texto publicado no facebook no dia 28 de Fevereiro.

Carta aberta…
A Ti… e a Ninguém…

Apeteceu-me escrever esta carta…
A Ti, cujas 24 horas são o meu dia e o teu dia é a minha vida. E a Ninguém cujo tempo diz-me tudo.
A Ti, que de tão longe estás tão perto e de tão perto quero fugir. Ninguém está sempre presente.
A Ti cujo rosto desconheço e a Ninguém que está tão bem definida.
A Ti, onde nos sonhos desapareces e a Ninguém que me acorda.
A Ti, com quem passo o luar e no amanhecer não te encontro. É Ninguém que está junto a mim.
Escrevo-te esta carta na certeza de que a não vais ler. No máximo, vais o fazer na diagonal – o costume. E a Ninguém, que vai absorver cada palavra, cada frase, cada mistério que nela se esconde.
Escrevo a Ti, que de tão real me pareces imaginária… ou será mesmo!? E a Ninguém, que de tão imaginária é tão real, tão presente.
Escrevo a Ti, que me fazes rir e chorar, mas é Ninguém que limpa minhas lágrimas.
Os problemas de Ti, são os meus problemas. Os meus…Bem!... São meus e de Ninguém. Teu silêncio incomoda-me, não dás conta… é Ninguém que me ouve e aconselha.
Não sou Pessoa, nem Queiroz, nem poeta como Vaz de Camões e nem sequer sei escrever. Apenas tento exprimir sentimentos com as palavras. E é Ninguém que percebe, mesmo com erros ortográficos ou frases mal construídas.
Não sou quem tu desejas, anseias… Apenas o desejo de Ninguém.
Teus amigos são meu ciúme, minhas amigas apenas e só para te fazer ciúme. Com Ninguém sinto-me livre.
Escrevo a Ti que queres fugir, esconder-te de mim. Irei atrás e Ninguém vai ajudar-me a encontrar-te. No fim do mundo!? Lá estarei…
Escrevo a Ti que de tão igual és eu ou apenas e só um sonho meu. E a Ninguém que me faz abrir os olhos, acordar de tal pesadelo.
Escrevo a Ti, que me desorientas e a Ninguém que me dá rumo à vida.
Escrevo a Ti, que de mim nada queres saber e a Ninguém que já tudo sabe
Escrevo por escrever… mágoa minha.
Escrevi a Ti, a quem preciso e desejo e a Ninguém que anseio.
Escrevi a Ti para tentar esquecer, branquear nosso passado presente, mas é Ninguém a dizer que não sei mentir.
Escrevi a Ti e a Ninguém, afinal és uma e uma só… Não distingo, não consigo distinguir, não quero distinguir, mas é a Ti e mais Ninguém… que amo.
Escrevi esta carta… a Ninguém e a Ti.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Inicio...

Porquê abrir um blog!? Não sei!... Talvez por me apetecer partilhar algo com outros ou simplesmente deixar algo registado. Ou nada disto e porque sim!
Será mais um, entre tantos, neste mundo da blogosfera. Não sei se terá leitores! Pressupondo que sim, desde já agradeço o tempo que vão despender por aqui, não quero nem lhes posso exigir assiduidade. Não prometo escrever diariamente, semanalmente ou mensalmente. Quando tiver algo que considere digno a registar, fá-lo-ei.
Não será um blog temático. Serei livre o suficiente para escrever sobre o que me apetecer. Politica, desporto, sociedade, pensamentos, crónicas,… Tudo o que me rodeia e que me vai na alma poderá vir para aqui. Terá sempre um cunho pessoal, a minha opinião, os meus gostos, a minha maneira de ver e de viver.
Não sou escritor, nem sequer tenciono alcançar tal estatuto. Escreverei sem acordo ortográfico da melhor maneira que conseguir – como a professora Guiomar me ensinou. Tenciono ser simples, para que todos me entendam. Sem complexidades que levem a pensar “O que está este tipo a dizer!?”
Escrevo porque sinto essa necessidade. Necessidade de puxar pela cabeça, de deixar de ser mandrião e obrigar-me a pensar. Não é que não o fizesse antes, mas tópicos soltos não é a mesma coisa do que um texto, onde se quer um principio, um meio e um fim. Não sei quanto tempo vai isto durar, espero que o entusiasmo seja duradouro, o tempo suficiente para que se um dia acabar, possa dizer “Valeu a pena”.
Sendo assim… vamos a isto!