segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O amparo de um Anjo


No alto do cume,
Ergo minhas asas.
Solto-as ao vento
Que abraça minha alma,
Desejo de estar mais perto…
Porque não vôo!?
Porque não chego junto a Ti,
Não toco Tuas mãos,
Não ouço Tua voz!?...
As perguntas que faço
E não respondes,
Respondes
Não consigo escutar.
Estou aqui!...
No cume mais alto
Para escutar.
Para ver Teu rosto
Que tanta vez afaguei,
Na ânsia de Teu abraço.
Vim aqui…
Para saltar,
Ir a Teu encontro,
Pedir-Te explicações…
Deus meu…
Vejo Teu rosto...
Sinto Tua presença,
Em Anjo que enviaste,
Na alma que abraça meu Ser
E limpa minhas lágrimas…
No Anjo que me faz planar
No desfiladeiro,
Aterrar no macio da bondade.
Obrigado, meu Deus…
Pelo Anjo,
Que me faz ouvir tuas palavras
E que Contigo,
Me faz sentir…
Que é bom viver.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Leito de Vida


Faleceu naquele dia. Estendido, inerte no leito que o viu nascer. Ali aprendeu a rezar, a orar a seu Deus e nunca mais esqueceu. Fazia-o todas as noites, todas as manhãs. Naquela manhã não o fez. Abertas as portas, foi recebido de braços abertos. Passou a orar directamente com quem sempre o tinha escutado, com quem sempre desabafou. Sua presença nas horas difíceis, sua alegria todos os dias.

Faleceu naquele dia. No leito, onde aprendeu a sonhar. Onde príncipe em cavalo alado conquistava princesa e defendia-a de dragões, monstros, vilões. Onde pilotava carros de corrida e subia ao lugar mais alto do pódio. Onde marcava golos que outros falhavam, dando vitórias à sua equipa e tornando-se no melhor marcador. E era tão simples. Bastava fechar os olhos.

Faleceu naquele dia. No leito onde fez amor pela primeira vez e onde só deitara uma mulher – a sua mulher. Soube o que era o amor, a paixão. Ali fez os filhos que hoje choram a seus pés. E que trazem os netos que vêem seu avô dormir profundamente. E à noite o vão ver, todas as noites irão olhar para o céu e ver duas estrelas brilhar – avô e avó estarão juntos outra vez.

Faleceu naquele dia. No leito onde tudo projectou, menos sua morte, sua partida. A empresa que criou, os telefonemas que recebeu a altas horas, os papeis que lia, textos que escrevia. As obras que fez em casa, que já tinha sido de seus pais. As plantas que plantara no quintal, que cresceram e hoje secaram. As viagens de trabalho, lazer e férias. A última escapou, não fora planeada.

Faleceu naquele dia. No leito onde aprendeu o significado de todos os sentimentos. Onde sorria e chorava, dissertava e cantava… Onde vira sua mulher partir, sem se despedir, sem o deixar ir com ela. Num dia em que o céu não viu o Sol brilhar e as trevas vieram para ficar. 

Faleceu naquele dia, no leito de sua vida, sozinho, solitário, sem a presença que o fazia respirar, alimentar seu fado. Coração destroçado, mil porquês sem resposta, perguntas sem destinatário.

Faleceu naquele dia, no leito confessionário de uma vida, onde falava e discutia com seu Deus. E com seu Deus partira calmamente, sossegado, em Paz, sem medo. 

Faleceu naquele dia… E naquele mesmo dia, nasceu novamente, nos braços de uma mãe carinhosa, afectuosa, mimando sua cria, no leito de nova Vida.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Douro Internacional

Navego, flutuo
Maravilhado neste vale
Aberto, esculpido
Por Deuses,
Para ti.
No silêncio de tuas águas
Na imponência de meu ser
Beijo tuas margens
Abraço tua vida
Num momento de prazer.
Douro, qu`és d`ouro
Quantas cores tens tu?
Verdes, castanhos,
Amarelos, rosados
Natureza radiante
Espelhada em ti.
Orgia colorida,
Tela pintada,
Por Mestre sobre-humano
Reflectida em tuas águas
Galeria de paisagens
Divinal sem igual.

Comboio que passa
A teus pés para te ver
Acaricia teu corpo
Sente tua corrente,
Entra nas entranhas
Portal do paraíso,


Socalcos vinhateiros
Presépio aconchegante
Acompanha tua descida
A caminho do Atlântico.
Neste lugar de sonho,
Paz e sossego
Onde tudo e nada passa,
Passa minha paixão
E paixão de meu coração,
Juntos nesta viagem
De mil belezas, encantos.
Douro Internacional
Diamante ancestral
Polido pelo Homem
Amado por mim.