sábado, 3 de agosto de 2013

Gentileza gera Gentileza

 
No passado mês de Julho, uns primos brasileiros  da Isabel, vieram passar ferias a Portugal. Apesar de não me conhecerem pessoalmente, apenas de minha existência na vida da Isabel, trouxeram-me uma lembrança. Era coisa de que não estava, minimamente à espera, independentemente do que fosse.  
No mesmo momento que agradecia, Simone, pedia-me para depois Googlar a frase constante na t-shirt para conhecer melhor seu autor.  
Quando arranjei um tempinho livre, assim o fiz. 'Gentileza gera gentileza' – era esta a frase em tons verde, azul, preto e amarelo, cores da bandeira brasileira, tão nossa conhecida. Se fosse alguém que me conhecesse e me tivesse ofertado esta lembrança, ficaria a pensar que era pouco gentil nesta vida que levo ou minimizando as coisas, para com essa pessoa - mas não foi isso que aconteceu. Não sei se sou muito, pouco ou nada gentil e a oferta não tinha o significado de 'boca' ou 'indirecta' para comigo. Era muito mais que isso.
Ao introduzir a frase no Google, tal como aconselhado, vim a descobrir um Ser dos nossos tempos, idolatrado por uns e odiado por outros, se assim o posso dizer. Não vou contar aqui a história do senhor, que era conhecido como profeta e que suas mensagens estão bem vivas na cultura e na mente de muitos brasileiros. Em especial no Rio de Janeiro.
Pessoalmente, gostei de 'conhecer' o Profeta Gentileza, assim era designado. Li muita coisa acerca de sua história, vi um documentário e até ouvi algumas canções feitas em sua homenagem como 'Gentileza' de Marisa Monte.
Para muitos, mais um louco, vagueando pelas ruas, mas o certo é que muito do que dizia fazia sentido e ainda o faz... O problema está na sociedade que fomos construindo, onde todo este ensinamento parece utópico. Sociedade, que também eu a critico e por várias vezes já escrevi que nela, pouco me revejo, tornando a vida, numa luta bem maior. Cabe a cada um de nós (vós) pesquisar 'Gentileza gera Gentileza' e aprender, saboreando cada uma de suas frases e seu significado, deixando religiões,  políticas e preconceitos de lado.  
Seguindo um de seus propósitos, não vou dizer obrigado aos primos do Brasil, mas sim, em como estou agradecido por me terem dado a conhecer, com 'amorrr', Profeta Gentileza.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Carta enviada ao Presidente da República



Segue, em baixo, a carta enviada ao Presidente da Republica Portuguesa, Prof. Aníbal Cavaco Silva, no dia 08/07/2013, através da página oficial da Presidência.   

Exmo Sr. Presidente da República,

É com profunda tristeza e perplexidade que, como cidadão português, assisto a tudo o que aconteceu na última semana e que ainda não vi o fim.
Penso que ficou muito claro, que este governo não é a solução ideal para enfrentar e resolver os problemas que o país ainda (e não poucos) tem pela frente. Por muito boa que seja a intenção de Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, como tem vindo a demonstrar ao longo da sua carreira politica, não é factor garante de estabilidade politica a que Portugal tanto necessita. Não é com este tipo de atitude, que resolvemos e evitamos um segundo resgate financeiro, antes pelo contrário. A irresponsabilidade só veio agravar a nossa situação – os mercados são a prova disso. Os credores fizeram sentir bem, a sua insatisfação. Também não me parece que seja com novas eleições que a situação melhor. Só nos iria fazer perder tempo, adiar e prolongar o sofrimento a que muitos portugueses têm estado sujeitos.  
Ao contrário do que querem fazer passar, não fomos nós cidadãos (salvo excepções) que vivemos acima das nossas possibilidades. Foram os sucessivos governos que o fizeram com base no eleitoralismo e na irresponsabilidade de tudo poder fazer sem nunca o ter de responder perante a justiça. E quem diz governos, diz Câmaras Municipais. Em Portugal, sempre foi tão fácil gerir, desbaratando, o dinheiro do erário público.

Portugal, como Vossa Exa. tanto sabe, necessita de profundas reformas. A maior de todas, a meu ver, é a do próprio sistema político. É necessário acabar com esta partidocracia a que assistimos e voltar a restaurar uma verdadeira democracia que aproxime e responsabilize o eleito perante o eleitor. Votar em pessoas e não em partidos. Como é possível neste momento, elegermos por exemplo deputados, que entram e saem, são substituídos, muitos nem aquecem o lugar pois funcionam apenas como impulsionadores de votos ou ter assente na Assembleia da Republica um grupo parlamentar que nem sequer directamente foi eleito, funcionando como muleta de outro…
Como explicar a dificuldade da criação de novos partidos políticos ou a impossibilidade de verdadeiros grupos independentes de cidadãos serem eleitos para o Parlamento?
A isto chamo de partidocracia. Portugal foi absorvido pelos partidos e como tem sido bem demonstrativo ao longo de todos estes anos e sucessivos governos, foram e serão sempre incapazes de reformar a bem de reformar o que quer que seja que lhes diga respeito e que mexa com o seu bem-estar. Será necessária maior prova que a lei que limita os mandatos autárquicos? Incompreensível…

Por estas duas razões – Cumprimento do programa de ajustamento económico e financeiro e por uma verdadeira reforma do sistema politico (para além de outras), venho solicitar a Vossa Exa. um governo de iniciativa presidencial, formado por pessoas independentes e/ou que abranja os vários quadrantes políticos até ao cumprimento das nossas obrigações. Um governo constituído por pessoas com provas dadas na sociedade. Um governo credível, que nos faça acreditar que temos salvação e sentir, que toda esta austeridade, não é (ou foi) em vão. Neste momento é isso que sentimos e a relação entre cidadão e partidos políticos já esteve mais longe da ruptura, o que não é em nada benéfico para o País.
Há que tomar uma solução, acreditando que Portugal tem salvação, assumindo Vossa Exa. também, uma maior responsabilidade em todo este processo. Depois!? Novas eleições virão, sabendo nós, também, exercer o nosso direito, com uma maior responsabilidade.
Melhores cumprimentos
João Telo  


terça-feira, 2 de abril de 2013

Ser ou não padre, eis a questão



No passado Domingo de Páscoa, na rubrica “Quando for grande quero ser…” do Jornal da Noite da SIC, Rui Reininho dizia que queria ser padre. Não o conheço pessoalmente, para saber se iria ser um bom ou mau padre, apenas, e do que tem sido sua vida pública, certamente iria ser um padre rebelde. Mas até rebelde é o Papa Francisco – no bom sentido e do meu ponto de vista.
Vem este assunto lembrar-me, de meu tio Orlando, marido da irmã de minha avó paterna Bernardete.
O meu tio Orlando, foi a primeira pessoa, que vi e que me lembre, falecer de “doença prolongada”. Na altura, o termo “cancro” pouco ou nada era utilizado, talvez não chamando a “coisa” pelo nome, suavizasse mais o espírito do doente e de seus familiares.
Não sei precisar minha idade, era pequeno. E tenho dúvida, se meus dois irmãos mais novos eram nascidos. Talvez, só, o mais novo não o fosse, não sei, nem fui averiguar.
O que lembro bem foi da visita que lhe fiz, na ASMECI – Associação de Socorros Mútuos dos Empregados de Comércio e Indústria, na Rua da Palma e o que me disse, naquele dia.
João Pedro! Gostaria que fosses padre…” Assim!... Sem mais…
Tenho a certeza que fiquei calado – é de meu timbre – mas não sei reacção de minha feição. Sei apenas, que aquelas palavras ficaram para sempre na minha memória e não mais o voltaria a ver, falecendo dias depois.

Ao longo de minha vida, já questionei várias vezes, no silêncio de meus pensamentos, este tema. Aliás! O silêncio que tanta vez necessito para me encontrar, já me fez pensar entrar num retiro espiritual, daqueles onde se vive durante algum tempo sem contacto com o exterior. Assim se pensa, quando pouco nos identificamos, com o Mundo que nos apresentam.
Não sei se teria vocação para seguir o sacerdócio. Sei que meu espírito pertence a Deus e minha alma aos sentimentos. O corpo, esse, segue o caminho que ambos lhe dão. O caminho que desejo, pensando ser o da verdade, para cumprir meu papel na Terra – que não sei qual é…

Um dia, um amigo, em conversa, disse que gostava de falar comigo, de desabafar, pelo simples facto de eu ser bom ouvinte. Ainda hoje o faz. E eu escuto-o…
Verdade que sou mais de escutar, que de falar. Falar!? Estritamente, só o necessário, sou de poucas palavras, chegando a ser duro e frio, confesso!... E às vezes nenhuma palavra me oferece dizer. O silêncio também diz muito. Mas o que gosto mesmo é escutar, ouvir os outros, beber histórias, palavras. Percebi, que a ouvir, aprende-se muito acerca do carácter da pessoa que está do outro lado e também é o ponto de partida para se perceber algo mais.... Não me sinto “confessionário”, mas são tantos os “segredos” que um dia levarei comigo… Minha boca é um túmulo e só assim, fico bem comigo, respeitando o outro.    

Não tenho o dom da palavra, como se quer a um padre, muito longe disso, mas tento sempre reconfortar quem vejo necessitar de ajuda. E meu Deus! Quantas almas, andam perdidas neste Mundo, sem ninguém perceber, nem notar que necessitam de desabafar. E por vezes estão tão perto…
Compreendo que para muitos, escutar seja difícil. O egoísmo domina o Mundo e quem tem o dom da palavra tem o controlo – pena o utilizarem para seu próprio proveito invés para o bem dos outros – salvo raras excepções. Bastava conceder o fio de conversa e não querer dominar impondo temas, mudando assuntos que não lhe interessam. E perde-se a oportunidade de ajudar.

Como disse, não tenho o dom da palavra, nem sequer o da escrita. Fosse escritor e um livro de Filosofia da Vida já teria escrito… Quantas horas de sono já troquei pelo Pensar, pelo dissertar no silêncio dos lençóis, no sossego do leito, falando com Deus.

Não sei se seria bom padre. Um padre pressupõe também socializar, ter protagonismo social. Não gosto de protagonismo! Não dispenso meu sossego, faz-me confusão olhares centrados, focados em mim – egoísta também sou, estão a ver!? Sou Humano!
Se fosse padre, queria, forçosamente ser missionário. E falar com os peixes…
Não sou padre, Tio Orlando! Desculpa desiludir-te... Mas não me parece que seja esse meu desígnio, no entanto, sigo minha vida, escutando e tentando ajudar, com sua força. Força de Deus.  

Nota: Para ser padre, pressupõe-se muita outra coisa que entra no registo "concordo" e "não concordo". Outros assuntos e debates, que não quis entrar aqui. Limitei-me a características pessoais que poderiam ou não "encaixar". E nada tenho contra o ser-se padre, desde que levem a missão com respeito. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dia-Fénix



Vou esquecer que hoje foi o último dia. Esquecer as atrocidades que assisti nos últimos meses e que mexeram comigo. Esquecer as instituições que em Portugal não funcionam. Esquecer que no tempo que atravessamos, ainda há empresas com mercado, com clientes, com pessoas dispostas a trabalhar, que fecham não pela crise em si, mas por má gestão. Muito má gestão da qual não vou tecer mais adjectivos nesta nota de pensamento.
Esquecer as lágrimas que me fizeram jorrar e a má disposição que os meus mais próximos tiveram de suportar.
Irei lembrar sempre os bons tempos que passei e os ensinamentos que tive. E os amigos que fiz.
Neste momento sinto um alívio por estar livre de tudo o que passei e assisti. E sinto apreensão pelo que me espera.
Desejo que o dia de hoje não fique marcado como o fim, mas sim, o princípio de algo, um renascer - O Dia-Fénix.
Aproveitar esta “oportunidade”, para acreditar um pouco mais em mim. Um começo (quase) do zero. Analisar muito bem o que quero da vida e sair da zona a que chamam de conforto. Arriscar! Pensar que posso fazer mais e melhor do que tenho feito até aqui. Acreditar! Sei que há pessoas que acreditam no meu valor e ás outras o provarei. Assim vai minha disposição.
Com minha Fé e com o amor que me acompanha. Com a família e amigos que sei estarão presentes… Irei lutar e pensar positivamente, que irei renascer e nesta "nova" Vida... Vencer!