domingo, 28 de agosto de 2011

Um olhar pelo rio

Sentado no banco mais solarengo, olho para ti.
Verdade! Tens razão… Quem quero enganar!?…
Quanta vez olhei para ti em dia invernoso.
Gotas vindas do céu, tornam-te especial, bem como raios de Sol te dão a cor que me faz apaixonar.
Verde, azul, mistura de ambas, que importa tua cor!? Sendo a tua cor…
Vais, vens dia a dia, fazendo tua vida, dando vida a quem passa.
Beleza em maré cheia, espelhando meu rosto em teu, sinto teus lábios beijar meus.
Vazia, deixas lodo, nas rochas da saudade.
Corres para o Mar, como quem corre para o Amor.
Por vezes, o contrário…
Foges do Mar, entrando este dentro de ti, como quem joga a apanhada – agora eu, depois tu.
Vento que entra na brincadeira e te faz ondular, fazendo-te saltar das margens…
E penso que me queres abraçar.
Levanto-me!
Agacho-me um pouco tocando em ti…
E Choro o teu sofrer…
Gente ingrata, que usa, abusa de tua generosidade.
Olho Cristo Rei abraçando Lisboa, protegendo quem passa, em ti navega.
Envergonhado, procuro teus olhos, perguntando:
- Quem te protege a ti?
Tua veste de seda conspurcada por óleo de navio, tingida, padrão que não o teu, fora de moda, agreste.
Latas, garrafas atiradas, chicoteando teu corpo, quem as ampara?
Jornais, maços, papéis, maquilhando, escondendo teu rosto.
Marcas, cicatrizes, queimadura de beata, torturando, maltratando tua presença…
Ergo meu corpo, encarno Velho do Restelo, reclamo teu direito.
Ajoelho-me perante ti, implorando que não te revoltes como antes - invadindo terra, matando meus semelhantes.
Junto minhas mãos, rezando a Deus…

Ao Tejo que me dá vida,
Dai-lhe a vida que merece.
Não menos que à do Homem,
Que carece de sabedoria,
Para com ele
Saber viver em harmonia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A minha visão sobre a indústria portuguesa

O estado a que chegou a indústria portuguesa, não surpreende, a quem sempre trabalhou nela, para ela ou estudou a sua evolução e consistência ao longo dos tempos.
Não é necessário recorrer a dados nem à estatística, para se chegar à conclusão que a grande culpa, a maior da responsabilidade é dos nossos industriais/empresários.

O 25 de Abril de 1974 foi o primeiro revés para a indústria portuguesa. Não vou discutir regimes políticos, se este é melhor que o outro ou o outro é melhor que este. A verdade é que muita da nossa indústria foi destruída em nome da “liberdade”. Poucas foram, as empresas, que sobreviveram à tomada de posse pelos trabalhadores. E as que sobreviveram foram aquelas, a quem, os trabalhadores “abriram os olhos” e devolveram a chefia ao seu antigo patrão/dono. Também as nacionalizações, fizeram parar o investimento e estagnar o seu desenvolvimento.

Após, Portugal, garantir estabilidade política, veio a entrada na Comunidade Económica Europeia (C.E.E.) e os fundos comunitários. Nunca Portugal tinha visto tanto dinheiro. Modernizou-se e construíram-se infra-estruturas de apoio à economia nacional – a era do Betão.
Dinheiro mal gasto pelo Estado houve muito, com certeza. Dinheiro mal gasto pelos nossos industriais/empresários ainda mais. Quem acompanha as notícias sabe que ainda hoje (vergonhosamente) são vários os processos que correm em tribunal opondo o Estado e a União Europeia de um lado, a sindicatos e gerentes de empresas, do outro lado da barricada, devido ao açambarcamento do dinheiro que deveria ter ido para a formação dos trabalhadores. Esta nunca foi feita, quando muito fingida ser feita. O dinheiro servia para tudo, menos para desenvolver e modernizar a actividade ou formar quem de direito.

Um dos grandes problemas da nossa indústria, que já vem de há muito tempo, vem do facto de serem empresas familiares, ou seja, a existência de um só proprietário. Pode haver sociedade, mas onde impera a maioria de um sócio. Os outros sócios, muitas vezes herdeiros, só lhes interessa se no fim do ano há distribuição de lucro ou não. Empresas que passam de pai para filho o que por si só não garante conhecimentos para a sua sobrevivência. Esta situação, passou a que durante muitos anos, não houvesse controlo algum do dinheiro entrado. O empresário sempre pensou (mal) que o dinheiro da empresa era dinheiro seu. Com este pensamento, muitos enriqueceram, outros desgraçaram-se e arrastaram milhares de pessoas com eles. Todos os anos, temos exemplos de empresas que fecham, sem ninguém perceber o porquê. Sem perceberem que gerir uma empresa que dá sempre lucro, sem grande esforço, não pode sobreviver sem inovação, sem plano de contingência. Com o dinheiro a entrar todos sabem gerir, até o mais iletrado. Mais difícil é gerir uma empresa, quando surgem dificuldades. Aí é que se vê o bom gestor.

Vivenda, troca de carro com frequência e de alta cilindrada, dinheiro na Suíça (hoje, offshores), férias no estrangeiro, são algumas características que passaram a definir uma nova classe social - os novos-ricos. Sempre souberam gerir as empresas em clima próspero, quando o vento estava de feição. Surgem os primeiros problemas e tapam o buraco, deixando as rachas à vista, que mais cedo ou mais tarde a vai fazer desmoronar, sem que possa haver salvação. Com a situação de crise que vivemos nos últimos anos, sobram os melhores. Se tomarmos a crise como um filtro, fica a nata da nata, sobrevive quem está preparado para isso.
Muitas vezes os trabalhadores não percebem o que se passa, da descapitalização que foi feita anos a fio. Têm o ordenado em dia, tudo está bem e pouco mais importa. Têm trabalho, a empresa é produtiva e muitos dão o seu melhor. Por isso, quando fecham, quantas vezes, assistimos na TV a trabalhadores surpreendidos, dizerem “a empresa estava a produzir a bom ritmo” e “até tinha encomendas futuras”. Pois é… Mas empresa descapitalizada, não paga a fornecedores, não consegue pagar ao Estado, falha compromissos com a banca. Insolvência e/ou falência é sempre o seu destino. Empresários que até aqui, sacavam o deles e o que não era deles, gastavam tudo a seu bel-prazer. Em hora de dificuldade, não metem um tostão, dizem apenas, quando não têm vergonha na cara, “A empresa não tem dinheiro para pagar…”. Isto quando não se escondem e fogem às responsabilidades.

Poucos foram os que verdadeiramente souberam enriquecer ao mesmo tempo que a empresa também crescia. Contam-se pelos dedos de uma mão os negócios familiares que sobreviveram ao longo do tempo. É diferente, uma empresa ter à frente pessoas com visão, que conseguem esperar a ganhar tudo de uma vez, que não fazem da “caixa” da empresa o seu mealheiro - apesar de a empresa ser sua. São empresas que se desenvolveram e empregam nos dias de hoje centenas, milhares de pessoas, algumas tornaram-se multinacionais desejadas por investidores estrangeiros. Souberam inovar-se, procurar novos mercados, mas acima de tudo, tiveram ética empresarial.

Não só os empresários sem carácter, que depois fogem, não dando a cara, são culpados do estado a que chegou a nossa indústria. A justiça tem grande culpa por deixar esta gente, impune, deixando-os fechar e abrir empresas, sempre com o mesmo esquema – o de sacar enquanto podem. As contabilidades que entram nos estratagemas das empresas com medo de perderem o cliente. Também a politica económica, nacional e europeia o é. Como se admite que a nossa costa marítima seja das maiores e Portugal não ter frota pesqueira que se veja!? Termos acabado com a agricultura, tendo terras férteis ao abandono e clima sem igual na Europa!? Toda uma indústria vendida a troco de “30 moedas”.

Estamos agora a colher o que semeamos. Portugal, ao contrário do que muitos pensam, não está na periferia da Europa – péssimo ponto de vista. Está sim, na primeira linha. Portugal devia ser gerido como porta de entrada para a América e África na Europa e de saída também. Nenhum país europeu está tão próximo destes continentes como nós. Ter uma palavra a dizer na indústria marítima, aérea e férrea. Ponto de passagem, distribuição destes Continentes para a Europa e vice-versa. Nada disto existe, nem se pensa. Quando um bem produzido em Portugal, sai mais barato ao português, se comprado no estrangeiro… está tudo explicado. Existe tão só, uma indústria turística, que está a destruir toda a nossa Costa, vulgarizando-a, devido à ganância e à falta de ordenamento do território.

A culpa a que chegou a nossa indústria e de muito do sector empresarial que podia ter vingado? É da falta de visão, de cultura empresarial, ética, de regras e de políticas que não sejam só a de receber para nada se fazer.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dança Astrológica

Nasce Sol
Iluminando dia.
No Mar se põe
Colorindo céu
Azul, laranja,
Vermelho
Tela quente
Mil paixões…
Nasce Lua
Ilumina noite.
Quarto crescente
Até Nova,
Permitindo
Sem egoísmos,
Céu estrelado
Constelações,
Noite luar
Mil paixões.
Dia, Noite
Se Conjugam
Numa dança astrológica,
Bailando
Sol e Lua…
Cumprimentam
Teu sorriso…
Iluminando-o
Todo dia
Toda Noite.