sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Desejo a todos vós, que de alguma forma me têm acompanhado...
        

Um 
FELIZ & SANTO NATAL :-))


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Conto de Natal


Sol de Inverno. Reflectia, todo o seu esplendor, na água calma da piscina.
Aproveitou aqueles raios de Sol e deitou-se na espreguiçadeira. E sem esforço, adormeceu…
Mal fechou os olhos, começaram a cair pequenos flocos de neve. Película fina de gelo cobria agora, água da piscina. Os verdes e castanhos da Natureza envolventes começaram a ficar brancos. Vento gélido, como se mandado do Pólo Norte, soprava seu rosto, fazendo-a acordar estupefacta, empurrando-a para dentro de casa. Vestiu algo mais confortável, dirigindo-se depois à cozinha para beber algo quente.
Entretanto, sua família, enfeitava a casa. Decorava o pinheiro de natal, fazia o presépio. Vendo-os naquela azáfama, quis ajudar, não tendo conseguido. Algo a prendia, impedindo-a de se movimentar. Viu o mais pequeno subir ao colo do pai para colocar a estrela que guia Reis Magos à manjedoura, no cimo do pinheiro. A alegria era contagiante. Nunca tinha percebido o quanto podia ser belo o sorriso de uma criança. No fim, quando toda a casa ficou enfeitada, acendeu a lareira. Aconchegou-se no sofá, ouvindo o estalar da lenha, absorvendo o calor e olhando para as cores quentes do lume, voltou a adormecer…
E mal adormeceu, acordou. O Sol, mais fraco, ainda espreitava, tinha sonhado. E do sonho despertou-lhe sentimento de ser mãe, constituir família. Poder ensinar, transmitir a seus filhos o que seus pais lhe haviam ensinado e que naquele momento lhe suscitou a memória – o verdadeiro espírito de natal – a família. Flocos de neve, derretidos pela alegria, pelo calor familiar. Tinha despertado, do cansaço da solidão, do frio que podia ser a vida e começou a escrever a carta, como seus pais lhe ensinaram e como em criança fazia…
“Querido Pai Natal…”
Continuou, sem se aperceber, por instantes, que dia era aquele…
“Este ano desejo…”
E um flash fez-lhe pensar, Porque estaria (naquele dia) em casa!?
Olhou calendário – 25 de Dezembro - era dia de Natal. O Pai Natal já tinha passado no seu trenó, conduzido na dianteira pela Rena Rodolfo. Era tarde demais – esmoreceu, sorrindo de seguida. Percebeu que o menino Jesus não se tinha esquecido dela, que tinha sido presenteada com aquele sonho – com o despertar para a vida, combatendo a solidão, desejo do calor, do aconchego e da alegria que uma família podia dar.
E acabou de escrever a carta…
“Obrigado Pai Natal, por teres passado por aqui esta noite.”
“Feliz Natal”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O amparo de um Anjo


No alto do cume,
Ergo minhas asas.
Solto-as ao vento
Que abraça minha alma,
Desejo de estar mais perto…
Porque não vôo!?
Porque não chego junto a Ti,
Não toco Tuas mãos,
Não ouço Tua voz!?...
As perguntas que faço
E não respondes,
Respondes
Não consigo escutar.
Estou aqui!...
No cume mais alto
Para escutar.
Para ver Teu rosto
Que tanta vez afaguei,
Na ânsia de Teu abraço.
Vim aqui…
Para saltar,
Ir a Teu encontro,
Pedir-Te explicações…
Deus meu…
Vejo Teu rosto...
Sinto Tua presença,
Em Anjo que enviaste,
Na alma que abraça meu Ser
E limpa minhas lágrimas…
No Anjo que me faz planar
No desfiladeiro,
Aterrar no macio da bondade.
Obrigado, meu Deus…
Pelo Anjo,
Que me faz ouvir tuas palavras
E que Contigo,
Me faz sentir…
Que é bom viver.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Leito de Vida


Faleceu naquele dia. Estendido, inerte no leito que o viu nascer. Ali aprendeu a rezar, a orar a seu Deus e nunca mais esqueceu. Fazia-o todas as noites, todas as manhãs. Naquela manhã não o fez. Abertas as portas, foi recebido de braços abertos. Passou a orar directamente com quem sempre o tinha escutado, com quem sempre desabafou. Sua presença nas horas difíceis, sua alegria todos os dias.

Faleceu naquele dia. No leito, onde aprendeu a sonhar. Onde príncipe em cavalo alado conquistava princesa e defendia-a de dragões, monstros, vilões. Onde pilotava carros de corrida e subia ao lugar mais alto do pódio. Onde marcava golos que outros falhavam, dando vitórias à sua equipa e tornando-se no melhor marcador. E era tão simples. Bastava fechar os olhos.

Faleceu naquele dia. No leito onde fez amor pela primeira vez e onde só deitara uma mulher – a sua mulher. Soube o que era o amor, a paixão. Ali fez os filhos que hoje choram a seus pés. E que trazem os netos que vêem seu avô dormir profundamente. E à noite o vão ver, todas as noites irão olhar para o céu e ver duas estrelas brilhar – avô e avó estarão juntos outra vez.

Faleceu naquele dia. No leito onde tudo projectou, menos sua morte, sua partida. A empresa que criou, os telefonemas que recebeu a altas horas, os papeis que lia, textos que escrevia. As obras que fez em casa, que já tinha sido de seus pais. As plantas que plantara no quintal, que cresceram e hoje secaram. As viagens de trabalho, lazer e férias. A última escapou, não fora planeada.

Faleceu naquele dia. No leito onde aprendeu o significado de todos os sentimentos. Onde sorria e chorava, dissertava e cantava… Onde vira sua mulher partir, sem se despedir, sem o deixar ir com ela. Num dia em que o céu não viu o Sol brilhar e as trevas vieram para ficar. 

Faleceu naquele dia, no leito de sua vida, sozinho, solitário, sem a presença que o fazia respirar, alimentar seu fado. Coração destroçado, mil porquês sem resposta, perguntas sem destinatário.

Faleceu naquele dia, no leito confessionário de uma vida, onde falava e discutia com seu Deus. E com seu Deus partira calmamente, sossegado, em Paz, sem medo. 

Faleceu naquele dia… E naquele mesmo dia, nasceu novamente, nos braços de uma mãe carinhosa, afectuosa, mimando sua cria, no leito de nova Vida.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Douro Internacional

Navego, flutuo
Maravilhado neste vale
Aberto, esculpido
Por Deuses,
Para ti.
No silêncio de tuas águas
Na imponência de meu ser
Beijo tuas margens
Abraço tua vida
Num momento de prazer.
Douro, qu`és d`ouro
Quantas cores tens tu?
Verdes, castanhos,
Amarelos, rosados
Natureza radiante
Espelhada em ti.
Orgia colorida,
Tela pintada,
Por Mestre sobre-humano
Reflectida em tuas águas
Galeria de paisagens
Divinal sem igual.

Comboio que passa
A teus pés para te ver
Acaricia teu corpo
Sente tua corrente,
Entra nas entranhas
Portal do paraíso,


Socalcos vinhateiros
Presépio aconchegante
Acompanha tua descida
A caminho do Atlântico.
Neste lugar de sonho,
Paz e sossego
Onde tudo e nada passa,
Passa minha paixão
E paixão de meu coração,
Juntos nesta viagem
De mil belezas, encantos.
Douro Internacional
Diamante ancestral
Polido pelo Homem
Amado por mim.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Espirito de Natal v Consumismo Natalicio

Estamos em Outubro. Fins de Outubro. Para mim, é normal começar a pensar já no Natal, devido à “construção” do presépio. Há que projectar e arranjar material necessário para a sua feitura. Ao contrário de outros anos, neste, não estou só… pela pior razão.
Este ano, quem trabalha, não vai receber por inteiro o subsídio de Natal. E para os próximos dois anos, os funcionários públicos, nem sequer vão ver um tostão. Como é óbvio, não me congratulo com tal medida, mas não vou entrar no campo político.

Como disse atrás, este ano, tenho a companhia de um país a pensar já no Natal. Mas o que leio, o que ouço entristece minha alma. Vários foram os textos, comentários que me fizeram escrever este post. É triste ouvir dizer “Este ano, não há Natal”.
O que é o Natal!? Está visto que para muitos, Natal, é o corre-corre na baixa de sua cidade, os encontrões nos centros comerciais, as prendas para todos e mais alguns, até se gastar o último cêntimo do subsídio de Natal, ordenado e atingir o limite máximo de crédito do cartão. É um Natal de consumo, de despesismo puro e duro.
Nem sequer vou entrar no campo da religião. Cada um tem a sua, mas como povo de educação cristã, que somos, até fica mal pensarmos assim. Contudo, não é coisa que me surpreenda, visto, a sociedade de hoje, girar em torno de dinheiro, longe de princípios, de valores, de cultura.

A Haver prendas, deveriam ser só para as crianças. O pior, é que estas, estão mal habituadas e não se contentam com uma tablete de chocolate ou um carrinho/boneca qualquer. Mas a culpa é dos pais, que os educaram assim. Passaram anos a oferecer tudo e mais alguma coisa, não tendo sequer a criança tempo para brincar com todas as ofertas. Agora, que não têm dinheiro para lhes comprar o último modelo de consola de jogos, telemóvel, computador, ou uma simples boneca que fala, come e faz necessidades ou um carrinho que anda sozinho, dizem “Este ano não há Natal”. Quantas crianças no mundo, senhores, não sabem o que é uma prenda e nem por isso deixam de viver o Natal? Parem e pensem…

Natal não é “Leopoldina”, “Popota”, nem sequer o “Pai Natal”, histórias de encantar, atracções ao consumo.
Natal não é abundância na mesa, comer num dia, o que dava para uma semana.
Natal não é o que os outros pensam que somos por oferecer ou não um presente, mas sim o que somos na realidade com ou sem prendas.
Muitas pessoas estavam habituadas a viver o Natal assim – prendas a perder de vista e mesa farta. Mas tem de ser assim!? Mesmo que para muitos, isto seja o Natal, podem o fazer com contenção e não dizer apressadamente “Este ano, não há Natal”. Só porque não vai haver prenda para a vizinha com quem mal se fala, não conseguir dar ao filho o que deseja, ao amor de sua vida uma jóia ou o ultimo brinquedo tecnológico, não colocar na mesa dez tipos de doces e três de pratos quentes e frios… “Este ano não há Natal”!?

Natal é um estado de alma, espírito de festa familiar de amizade e compaixão. De solidariedade com quem menos tem. E por isso se diz e bem “Natal devia ser todo o ano”. É isto que é o NATAL. Prendinhas, enfeites, luzinhas, são pormenores que ultrapassam em muito este espírito. Concordo, que servem para alegrar, para tornar diferente a festividade, mas… BOLAS! PODE-SE VIVER SEM ISSO. PODE E DEVE HAVER NATAL SEM CONSUMISMO.

Este vai ser o meu segundo Natal sem respectivo subsídio – Sim! Não me pagam… Como podem ver, já levo dois anos de avanço no campeonato de Não_receber_subsidio_de_Natal. E em minha casa, há e haverá sempre Natal. Para haver Natal, basta, tão só, ter a família reunida e sentada à mesa, pouco importando o que se come, absorver seu calor, amor fraterno. Basta o amigo, nos desejar “Boas Festas”, sendo a melhor prenda, sua amizade.
Sei que não é fácil fugir ao ritmo natalício-consumista com que o Mundo nos brinda. Também me sinto feliz ao oferecer prendas e brindar quem gosto. Mas se a situação assim o não permitir, sou directo, digo não haver prendas para ninguém. Não invento, nem vivo situações financeiras que não correspondem à realidade e não direi “Este ano, não há Natal”.
Por mim, pode haver campanhas publicitárias referentes ao Natal, as ruas podem-se iluminar e lojas enfeitar. Pode soar bem alto a “Noite Feliz” que escutarei com mesma emoção de sempre. O coro de Santo Amaro de Oeiras pode cantar “A todos um Bom Natal”, que acompanharei seu refrão… Escreverei, com minhas sobrinhas a carta ao Pai Natal, mesmo que não venham a receber o que tanto desejam, explicando depois porquê que não receberam o que mais desejaram, se não o receberem ou porquê que só receberam aquela prenda…

O “Pai Natal” pode até nem vir, mas o menino Jesus, há-de trazer alegria, paz e saúde no sapatinho de todos aqueles, que, como eu, acreditam, que o Natal é muito mais que consumo.

Boas Festas.

domingo, 9 de outubro de 2011

Vida em Flor

Amava as flores como ninguém. Homem do campo, cedo aprendeu a viver com elas. Costumava acompanhar seu pai à estufa onde trabalhava. Ai, vi-as crescer. Sua mãe, vendia-as na praça. “Banca da Rosa” – era assim que se chamava e ali, passara grande parte da juventude. Primeiro a ver a mãe trabalhar, mais tarde, com o passar dos anos, na ajuda das tarefas. Se por um lado ficava feliz por cada venda efectuada, por outro, combatia a tristeza de as ver partir, pensando Iriam fazer alguém feliz.
Morava na casa que idealizou. Espaço suficiente para si, para os seus e para construir canteiros. Sim! Para ele, as flores deveriam sempre morar em canteiros. Acto de as trazer para dentro de casa, era sinónimo de tortura. Relógio em contagem decrescente para definharem. Sua Flor tinha o direito de nascer, crescer, viver e morrer junto às de sua espécie ou de parentes próximos. Cortar-lhe o caule era tirar-lhe vida e a separar dos seus pares.
Do trabalho não se queixava. Era jardineiro. Cuidava e tratava dos jardins do município. Gostava da sua responsabilidade e ficava vaidoso, sempre que ouvia piropos aos “seus” jardins. Ficava preocupado em cada intempérie. Fosse chuva ou sol a mais, rezava para que todas se safassem. O que nem sempre acontecia… E chorava…
Tinha um casamento feliz, de onde nascera um lindo rebento. Mulher e filha partilhavam do mesmo gosto, não tinham ciúmes. Lá em casa, todos falavam com as flores e com as plantas. E eram correspondidos. Linguagem, gestos doces delicados que só quem as ama percebia.
Mais que ambicionar, desejava concretizar um sonho – alargar seu jardim, mais um canteiro. Não sabia ao certo o que plantar. De todas as sementes, Deus haveria de escolher. Não a melhor, mas a essencial para se juntar às outras. E confiava na sua escolha. Sabia apenas que queria a casa rodeada de flores. Já tinha algumas, verdade, mas queria mais.
Num dia de felicidade, como qualquer outro dia de sua vida, meteu-se ao trabalho com ajuda de sua amada. Já tinham semeado antes e cada novo dia que o faziam, maior era a convicção. Alguma ou algumas daquelas sementes haviam de brotar. Bastava regar com amor, seu dilema e segredo para as fazer florir.
E todo o dia, assim regava… via e analisava seu crescimento. Uma coisa era já certa – estava a brotar algo. O contentamento era de tal modo, que parecia criança em véspera de Natal. Sabia que estava a nascer, mas não sabia bem o quê. Pensou como seria sua vida quando florisse. É certo que iria mudar. Não só sua vida, como a de todos naquela casa. Comprou livros sobre o assunto, manteve-se informado ao mínimo pormenor. Era a redoma que garantia a segurança da frágil semente a germinar.
Não passava dia, semana, mês, sem ver como crescia. Andava ansioso. Finalmente iria ampliar seu jardim. Seria sempre primavera em flor. Aromas naturais espalhados pelas divisões, frescura da natureza, cores de vida presente habitando sua casa.
E nasceu…
Nasceu, passados nove meses, Margarida, filha de Perpétua e Jasmim, irmã de Dália. Bouquet irradiando Inocência, Para Sempre, Bondade e Amabilidade, União e Delicadeza. Pétalas florescendo no campo que é a vida. Sentiam-se abençoados. Família de Amor-Perfeito, Nenúfar de afecto.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Todo o tempo do mundo

Olhou-se ao espelho após um banho de imersão.
Arranjou-se, como fosse para a festa. O encontro assim o exigia. Não podia apresentar-se com aquele ar pálido com que andava. Pegou no pincel e passou pó de arroz pelo rosto. A face, agora, tinha novo aspecto. Escolheu o batom melhor para a ocasião. Rosa claro. Não gostava de cores muito fortes. Rímel nas pestanas e sombra nos olhos. Apesar de maquilhada, estava sóbria, nada exagerada. Até porque não sabia bem o que iria encontrar. Rugas escondidas, parecendo outra pessoa mirando-se ao espelho. E ao espelho sorria levemente, deixando cair uma lágrima.
Experimentou cada um, como se tivesse todo o tempo do mundo. O vermelho que um dia alguém lhe ofereceu numa viagem pela Europa. Assentava-lhe muito bem, mas seria cor demasiado viva para a ocasião. Com esta desculpa colocou-o de lado, longe das recordações que lhe lembrava, pegando rapidamente no preto. Cada vestido, tinha uma história, rasgos na memória. Chegaram-lhe a dizer que era a mais bela naquela passagem de ano, mas também servira, anos depois, para fazer luto de sua mãe, tal era a simplicidade do vestido, mas também sua beleza. Não estava, nem queria estar de luto naquele momento que queria especial. Olhou pela janela onde Sol brilhava e os pássaros cantavam. A Primavera fez-lhe lembrar o vestido estampado que ficara no roupeiro. Já não experimentou o rosa estendido na cama esperando seu corpo entrar nele. Tons azulados como o céu apresentado nesse dia. Seria perfeito – pensou ela, sem querer experimentar mais nenhum. Dirigiu-se até à sapateira. Duvida existencial de qualquer mulher – salto raso ou salto alto!? O taco alto podia a fazer mais elegante, mas escolheu o raso. O caminho poderia ser longo, mais longo que o imaginário.
Não saiu de casa, sem antes colocar um lenço à volta do pescoço e pela última vez, olhou-se ao espelho. Como estava bonita. Nunca se tinha arranjado tão bem – tinha essa convicção. Até o cabelo, que para estar penteado teria de estar despenteado, conseguiu arranjar forma de o “armar”.
Colocou o carro a trabalhar e dirigiu-se ao local combinado. Olhou para o tablier e viu as horas. Ainda tinha tempo. Continuava com todo o tempo do mundo à sua frente.
Seguiu pela marginal, olhando o rio, onde veleiros competiam em regata. Mais adiante, na gare, um navio cruzeiro, onde centenas de mãos acenavam, despedindo-se de sua cidade. Aquele acto, não lhe passava ao lado. Tentou controlar a emoção, não conseguindo evitar que seus olhos ficassem “nublados”. E respirou fundo…
Subiu a colina, que lhe daria acesso à ponte. Os nervos começavam a tomar conta à medida que se aproximava do destino por si pré-definido.
Nunca fez tão poucos quilómetros em tanto tempo. Chegou a ouvir buzinadelas. Chegou a ser xingada. Nada fazia mudar sua condução. A velocidade não estava a ser cumprida no limite mínimo. O pé direito parecia não querer chegar ao destino.
Parou o carro no cimo do tabuleiro, lágrimas escorrendo pela cara, borrando pintura que tinha sido feita com tanto esmero. Havia chegado ao local. Dirigiu-se à bagageira e tirou o saco que havia posto, quando saiu de casa. O caminho podia ser longo, mas no momento crucial, tinha de estar elegante. A vaidade levou-a a levar os sapatos de salto alto. Calçou-os… Ouvindo sirenes à distância encaminhou-se apressada para a berma. Sentiu seus pés presos, como se a tivessem a agarrar. Chorando copiosamente não conseguiu lutar… Viu então, que os saltos, se prendiam no tabuleiro. Fez-se luz… Levou “aquilo” como um sinal. Sua vaidade tinha-a salvo de uma queda vertiginosa sem volta. Voltou a calçar os sapatos rasos, entrou no carro, ligou o rádio e seguiu viagem. Desviando o olhar à esquerda, pareceu-lhe ver Cristo-Rei piscar-lhe o olho e abraçando seu destino. Agradecendo-Lhe, sorriu… Percebendo que aquilo que queremos encontrar, nem sempre é o que precisamos. E todo o tempo do mundo, passou a ser… tão curto.

domingo, 28 de agosto de 2011

Um olhar pelo rio

Sentado no banco mais solarengo, olho para ti.
Verdade! Tens razão… Quem quero enganar!?…
Quanta vez olhei para ti em dia invernoso.
Gotas vindas do céu, tornam-te especial, bem como raios de Sol te dão a cor que me faz apaixonar.
Verde, azul, mistura de ambas, que importa tua cor!? Sendo a tua cor…
Vais, vens dia a dia, fazendo tua vida, dando vida a quem passa.
Beleza em maré cheia, espelhando meu rosto em teu, sinto teus lábios beijar meus.
Vazia, deixas lodo, nas rochas da saudade.
Corres para o Mar, como quem corre para o Amor.
Por vezes, o contrário…
Foges do Mar, entrando este dentro de ti, como quem joga a apanhada – agora eu, depois tu.
Vento que entra na brincadeira e te faz ondular, fazendo-te saltar das margens…
E penso que me queres abraçar.
Levanto-me!
Agacho-me um pouco tocando em ti…
E Choro o teu sofrer…
Gente ingrata, que usa, abusa de tua generosidade.
Olho Cristo Rei abraçando Lisboa, protegendo quem passa, em ti navega.
Envergonhado, procuro teus olhos, perguntando:
- Quem te protege a ti?
Tua veste de seda conspurcada por óleo de navio, tingida, padrão que não o teu, fora de moda, agreste.
Latas, garrafas atiradas, chicoteando teu corpo, quem as ampara?
Jornais, maços, papéis, maquilhando, escondendo teu rosto.
Marcas, cicatrizes, queimadura de beata, torturando, maltratando tua presença…
Ergo meu corpo, encarno Velho do Restelo, reclamo teu direito.
Ajoelho-me perante ti, implorando que não te revoltes como antes - invadindo terra, matando meus semelhantes.
Junto minhas mãos, rezando a Deus…

Ao Tejo que me dá vida,
Dai-lhe a vida que merece.
Não menos que à do Homem,
Que carece de sabedoria,
Para com ele
Saber viver em harmonia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A minha visão sobre a indústria portuguesa

O estado a que chegou a indústria portuguesa, não surpreende, a quem sempre trabalhou nela, para ela ou estudou a sua evolução e consistência ao longo dos tempos.
Não é necessário recorrer a dados nem à estatística, para se chegar à conclusão que a grande culpa, a maior da responsabilidade é dos nossos industriais/empresários.

O 25 de Abril de 1974 foi o primeiro revés para a indústria portuguesa. Não vou discutir regimes políticos, se este é melhor que o outro ou o outro é melhor que este. A verdade é que muita da nossa indústria foi destruída em nome da “liberdade”. Poucas foram, as empresas, que sobreviveram à tomada de posse pelos trabalhadores. E as que sobreviveram foram aquelas, a quem, os trabalhadores “abriram os olhos” e devolveram a chefia ao seu antigo patrão/dono. Também as nacionalizações, fizeram parar o investimento e estagnar o seu desenvolvimento.

Após, Portugal, garantir estabilidade política, veio a entrada na Comunidade Económica Europeia (C.E.E.) e os fundos comunitários. Nunca Portugal tinha visto tanto dinheiro. Modernizou-se e construíram-se infra-estruturas de apoio à economia nacional – a era do Betão.
Dinheiro mal gasto pelo Estado houve muito, com certeza. Dinheiro mal gasto pelos nossos industriais/empresários ainda mais. Quem acompanha as notícias sabe que ainda hoje (vergonhosamente) são vários os processos que correm em tribunal opondo o Estado e a União Europeia de um lado, a sindicatos e gerentes de empresas, do outro lado da barricada, devido ao açambarcamento do dinheiro que deveria ter ido para a formação dos trabalhadores. Esta nunca foi feita, quando muito fingida ser feita. O dinheiro servia para tudo, menos para desenvolver e modernizar a actividade ou formar quem de direito.

Um dos grandes problemas da nossa indústria, que já vem de há muito tempo, vem do facto de serem empresas familiares, ou seja, a existência de um só proprietário. Pode haver sociedade, mas onde impera a maioria de um sócio. Os outros sócios, muitas vezes herdeiros, só lhes interessa se no fim do ano há distribuição de lucro ou não. Empresas que passam de pai para filho o que por si só não garante conhecimentos para a sua sobrevivência. Esta situação, passou a que durante muitos anos, não houvesse controlo algum do dinheiro entrado. O empresário sempre pensou (mal) que o dinheiro da empresa era dinheiro seu. Com este pensamento, muitos enriqueceram, outros desgraçaram-se e arrastaram milhares de pessoas com eles. Todos os anos, temos exemplos de empresas que fecham, sem ninguém perceber o porquê. Sem perceberem que gerir uma empresa que dá sempre lucro, sem grande esforço, não pode sobreviver sem inovação, sem plano de contingência. Com o dinheiro a entrar todos sabem gerir, até o mais iletrado. Mais difícil é gerir uma empresa, quando surgem dificuldades. Aí é que se vê o bom gestor.

Vivenda, troca de carro com frequência e de alta cilindrada, dinheiro na Suíça (hoje, offshores), férias no estrangeiro, são algumas características que passaram a definir uma nova classe social - os novos-ricos. Sempre souberam gerir as empresas em clima próspero, quando o vento estava de feição. Surgem os primeiros problemas e tapam o buraco, deixando as rachas à vista, que mais cedo ou mais tarde a vai fazer desmoronar, sem que possa haver salvação. Com a situação de crise que vivemos nos últimos anos, sobram os melhores. Se tomarmos a crise como um filtro, fica a nata da nata, sobrevive quem está preparado para isso.
Muitas vezes os trabalhadores não percebem o que se passa, da descapitalização que foi feita anos a fio. Têm o ordenado em dia, tudo está bem e pouco mais importa. Têm trabalho, a empresa é produtiva e muitos dão o seu melhor. Por isso, quando fecham, quantas vezes, assistimos na TV a trabalhadores surpreendidos, dizerem “a empresa estava a produzir a bom ritmo” e “até tinha encomendas futuras”. Pois é… Mas empresa descapitalizada, não paga a fornecedores, não consegue pagar ao Estado, falha compromissos com a banca. Insolvência e/ou falência é sempre o seu destino. Empresários que até aqui, sacavam o deles e o que não era deles, gastavam tudo a seu bel-prazer. Em hora de dificuldade, não metem um tostão, dizem apenas, quando não têm vergonha na cara, “A empresa não tem dinheiro para pagar…”. Isto quando não se escondem e fogem às responsabilidades.

Poucos foram os que verdadeiramente souberam enriquecer ao mesmo tempo que a empresa também crescia. Contam-se pelos dedos de uma mão os negócios familiares que sobreviveram ao longo do tempo. É diferente, uma empresa ter à frente pessoas com visão, que conseguem esperar a ganhar tudo de uma vez, que não fazem da “caixa” da empresa o seu mealheiro - apesar de a empresa ser sua. São empresas que se desenvolveram e empregam nos dias de hoje centenas, milhares de pessoas, algumas tornaram-se multinacionais desejadas por investidores estrangeiros. Souberam inovar-se, procurar novos mercados, mas acima de tudo, tiveram ética empresarial.

Não só os empresários sem carácter, que depois fogem, não dando a cara, são culpados do estado a que chegou a nossa indústria. A justiça tem grande culpa por deixar esta gente, impune, deixando-os fechar e abrir empresas, sempre com o mesmo esquema – o de sacar enquanto podem. As contabilidades que entram nos estratagemas das empresas com medo de perderem o cliente. Também a politica económica, nacional e europeia o é. Como se admite que a nossa costa marítima seja das maiores e Portugal não ter frota pesqueira que se veja!? Termos acabado com a agricultura, tendo terras férteis ao abandono e clima sem igual na Europa!? Toda uma indústria vendida a troco de “30 moedas”.

Estamos agora a colher o que semeamos. Portugal, ao contrário do que muitos pensam, não está na periferia da Europa – péssimo ponto de vista. Está sim, na primeira linha. Portugal devia ser gerido como porta de entrada para a América e África na Europa e de saída também. Nenhum país europeu está tão próximo destes continentes como nós. Ter uma palavra a dizer na indústria marítima, aérea e férrea. Ponto de passagem, distribuição destes Continentes para a Europa e vice-versa. Nada disto existe, nem se pensa. Quando um bem produzido em Portugal, sai mais barato ao português, se comprado no estrangeiro… está tudo explicado. Existe tão só, uma indústria turística, que está a destruir toda a nossa Costa, vulgarizando-a, devido à ganância e à falta de ordenamento do território.

A culpa a que chegou a nossa indústria e de muito do sector empresarial que podia ter vingado? É da falta de visão, de cultura empresarial, ética, de regras e de políticas que não sejam só a de receber para nada se fazer.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dança Astrológica

Nasce Sol
Iluminando dia.
No Mar se põe
Colorindo céu
Azul, laranja,
Vermelho
Tela quente
Mil paixões…
Nasce Lua
Ilumina noite.
Quarto crescente
Até Nova,
Permitindo
Sem egoísmos,
Céu estrelado
Constelações,
Noite luar
Mil paixões.
Dia, Noite
Se Conjugam
Numa dança astrológica,
Bailando
Sol e Lua…
Cumprimentam
Teu sorriso…
Iluminando-o
Todo dia
Toda Noite.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Óculos de Sol

Todos nós sabemos, por certo, definir óculos de sol. A sua nobre utilidade na protecção da vista, não é colocada em causa, mas… E há sempre um “mas” que assombra meu pensamento e faz-me pensar. Dúvidas, perguntas que faço a mim mesmo sem conseguir alcançar resposta.
Existem muitas pessoas que utilizam os óculos de sol por questões de saúde, de bem-estar e até para facilitar a realização de certas tarefas como a condução. A claridade, só por si pode incomodar a vista. Eu próprio, deveria de usá-los diariamente, já que, quase basta ser dia, para franzir os olhos tipo “chinês”. Mas a preguiça de andar com dois pares de óculos e passar o dia, no tira e põe óculos… não é comigo. Dai só os usar ocasionalmente. 
Outras pessoas utilizam-nos, apenas e só, como acessório de moda. Têm dezenas de pares, armações e lentes das mais diversas cores e feitios e para toda a indumentária. São questões de gosto, nada tenho contra, até porque, há muita gente que fica bastante fashion com os óculos certos. Muitas destas, recusam aparecer em publico com óculos de correcção, utilizando lentes de contacto ou até mesmo nada. Preferem ver mal, pensando ficarem menos belas (como se um par de óculos, só por si, definisse feiura) ou a serem conotadas com “caixinha de óculos” ou “pitosga”. Estes termos, de gozo, discriminatórios e pouco democráticos não se aplicam aos óculos de sol, mas sim e quase só a quem tem problemas de miopia e astigmatismo. Portanto, e do ponto de vista desta gente, um Ser com óculos de Sol, incólume a tal xingação é por si só… um ser de outra beleza, de uma divisão superior. Mesmo que não veja nada à frente e as lentes sejam chinesas ou marroquinas de má qualidade e lhes estejam a dar cabo da vista.
Muitas são as razões para as pessoas gostarem de os usar. Como se costuma dizer “Gostos não se discutem” e se gostam de os usar só porque sim… quem sou eu para colocar isso em causa. Não deixa de ser engraçado assistir às suas inúmeras utilidades. Num dia de Inverno rigoroso servirão por certo para não borrar a pintura dos olhos das senhoras (e nos senhores!? não faço a mínima ideia). Existem algumas pessoas, que os guardam na testa, ou, será uma nova utilização para esconder algo!? Na cabeça, também são muito úteis - a servir de bandolete ou para proteger os piolhitos dos raios ultra-violeta. Podem até mesmo, ao serem utilizados na boca e roendo as hastes ser uma bela substituição das unhas. E uma bela passerelle ao não sair do chapéu, com este posto – seja boné ou de palha.  
Vejamos mais casos.
Porquê que há pessoas que utilizam óculos de sol em sítios como o metropolitano de Lisboa!? Será por causa da luz? A luz do Sol não entra e a artificial é tão fraca que custa crer, causar tanto problema à vista de inúmeros portugueses. A explicação pode ser o não querer ser descoberto a dormir, mas, (desculpem-me se vou dizer alguma coisa que não saibam) a boca meio aberta e o descair da cabeça não há óculos que disfarce. Pode haver outra explicação. O de poder mirar quem entra e quem sai, de cima a baixo, sem ser topado. Neste caso as lentes costumam ser espelhadas (ao longo do dia, sempre vai dando para o "espelho! espelho meu..."), o problema é que, quando gostam demasiado da vista – também aqui, de pouco servem para ocultar o que quer que seja – acabam sempre por dar nas vistas ao olhar por cima dos óculos de sol. Digamos que, para poderem ver ao “natural”.
Outra situação que me causa alguma estranheza é nos velórios e enterros. Para muitas pessoas, os óculos de sol é o acessório indispensável para ocultar o que se sente. Ou emocionam-se e têm vergonha que as vejam chorar, ou não se emocionam e têm vergonha, mas desta feita, que as não vejam chorar. Em ambos os casos, não percebo o porquê de se esconderem. A sinceridade está no que dizem os olhos.
“Esconder”! Deve ser a grande utilização para os óculos de sol. Para além do que já escrevi antes, poderão servir de manhã para esconder as rugas de uma noite mal dormida, um olho negro, um terçolho, um olhar indiscreto, esconder-se no final de contas de si mesmo. 
Por último, ajudam na falta de educação. Quando apresentam uma pessoa e esta não tira os óculos de sol e mantêm-se sempre a conversar com eles postos sem se ver nesga dos olhos… Merece educadamente um “passe bem” e até à (não) próxima vez. 
Caros amigos, este texto não foi escrito com os óculos de sol posto. Bem podia ter sido, para não ver o que, para aqui, escrevi. Foi, isso sim, pensado com eles postos, num dia de praia, deitado e de olhos fechados. Para que serviam os óculos de sol!? Bem!... Talvez para pensar que fosse noite e dormiscar um pouco J  

terça-feira, 28 de junho de 2011

Um Alfacinha no S. João

A Curiosidade era grande. Duvidava, talvez, ainda, que a festa assim se desenrolara. O que sabia era o que tinha visto, de outros anos, na televisão. E o que me contavam… E as marteladas que me prometiam.
A verdade é que a noite de S. João no Porto, é única. Por mais que se conte, por mais que se veja imagens, só visto, sentido, vivido é que se percebe sua grandeza.
Durante o dia, reina já um ambiente de festa, o manjerico perfuma as principais ruas, os foliões abastecem-se da arma oficial que é o martelo de S. João – grandes, pequenos, gigantes, insufláveis… Os mais tradicionalistas recorrem ao simpático alho-porro.
Há quem faça a Cascata. Consegui ver uma, com pena de não ter conseguido ver mais. Não foi por falta de as procurar… os pés que o digam.
O Bairro Herculano é digno de visita. Todo emproado para a festividade. Duvido que haja outro bairro no Porto igual. Ali respira-se o verdadeiro S. João. Adorei conhecer aquele cantinho.
Ao passar das horas, o cheiro a sardinha percorre avenidas, ruas e ruelas. Todos os caminhos desencadeiam no rio. Suas margens enchem-se de povo. Ouvem-se desgarradas, soltam-se balões, tiram-se fotos, dão-se e recebe-se martelada e alho-porro a cheirar. Espera-se pelo fogo-de-artifício, orquestrado por músicas que apelam ao orgulho da cidade.
São milhares as pessoas, que se associam à festa. Não sei se é proeza ou não de S. João, mas quantos Santos conseguem juntar várias etnias, vários estatutos sociais, várias classes numa só festa? E juntos conseguem-na fazer. Partilham-se marteladas, como se de um cumprimento de “Bom S. João” se tratasse, percorrem-se ruas, que, em outras alturas do ano se calhar evitam-se. Uma noite, tão só…
Diz a tradição que se deve percorrer a Ribeira até à Foz. Fiquei pela metade (ou pouco mais), que a noite já ia longa e os pés já tinham caminhado e bem durante o dia.
Diz a tradição que nessa noite cai orvalhada, associando-a à fertilidade. Não sei se foi só culpa de S. Pedro que nos brindou com uma noite bastante agradável ou se também foram as meninas que andaram a rezar para que a orvalhada não viesse. E assim não aconteceu.
Após o fogo-de-artifício, é um “ver se te avias”. Anda todo um povo caminhando “desnorteado”, procurando os vários largos onde exista bailarico e mais um pouso para beber e comer. Engraçado, que, e apesar de haver conjuntos musicais, pouca gente vi a dar um pezinho de dança. Mais importante era martelar, conversar, conviver e andar, andar e andar... E havia gente que não deixava escapar uma só cabeça, como fosse um jogo e ganhassem pontos.
Pessoalmente, se bem me lembro, só dei com o martelo, em quem conhecia, e mesmo assim… Estava mais interessado a “beber” culturalmente a festa. Dei por mim, em certa altura, a baixar a cabeça, para uma criança dar-me com o martelo. Não sei quem era... pouco importava. Havia estrangeiros, mais perplexos que eu, o que não deixa de ser natural. “Em meninas, nem com uma flor se bate” e queriam que batesse com um martelo, mesmo sabendo que não magoava. Para “alfacinha” como eu, era uma situação muito estranha mesmo, mas muito divertida, sem dúvida.
Tão ou mais divertido é soltar, fazer levantar um Balão de S. João. É lindo ver todo um céu cheio dos ditos. E se o balão não voar, não levantar voo como se quer, não é preciso chorar, pois transforma-se em fogueira que, também dita a tradição, devemos saltar.
Nos dias seguintes ainda pude assistir à Regata de Barcos Rabelo e a algumas Rusgas nos Aliados. Pena não serem mais divulgadas. Com elas aprende-se mais alguma coisa acerca dos bairros que dão vida e originaram/originam esta cidade, que é o Porto.
E todo o Largo, toda a praça é sítio de festa. Roulottes de comes e bebes, carrinhos de choque, diversos tipos de carrocéis, casa fantasma, banquinhas de tiro ao alvo, vários tipos de diversão que me fizeram lembrar a saudosa Feira Popular de Lisboa. Ah! E farturas… Farturas por todo o lado, todo um mundo de farturas… Pena usarem açúcar em pó, mas é só um pormenor.
Foi o meu primeiro S. João. E tal, não seria possível, sem uma, muito, agradável companhia.

Obrigado Isabel, Maria, Ana, Miguel e Arlindo por este fantástico S. João


Para o ano estamos lá? :-))

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ribeiro

Ribeiro …
Água cristalina
Puro néctar.
Desces vales, serras
Encostas,
Deslizas, passeias
Na verde essência
Sob azul do céu.
Dás vida
Aos rios, mares, oceanos
E ao Ser que te saboreia.
Dás vida às plantas
Que regas alimentas
Aos animais que em ti
Matam sede.
Ribeiro…
Dás vida a mim
Que acompanho
Correndo tuas margens.
Que bebo
Cada gota
De teu respirar.
Que miro, parando
Beleza de teu caminhar,
Fechando olhos
Escuto teu cantar
Ao passar.
Banho-me em teu corpo
Rejuvenesço alma
Solitária, perdida.
Ribeiro…
Choro vagueando
Respirando fundo
Ao mal que te
Destrói.
Choro por dentro
Gritando, lutando
Contra poluição
Que contamina tuas águas.
Ribeiro…
Quero sorrir,
Pular, cantar.
Quero chorar…
Olhando brilho
De tuas águas
Percorrendo límpidas
Da nascente à Foz.
Quero beber, saborear
Banhar-me
Em tuas águas
Livremente
Sem secares…
Sem morrermos precocemente…
Sem viver
Nem Amar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vem brincar comigo

Vem brincar comigo…
Saltar eixo
Macaca, corda
Que teima em prender-se no pé.
Vem brincar comigo…
Policia ladrão
Cowboy índio
Corre, foge
Apanha
Prende-me.
Vem brincar comigo…
Desenhar, rabiscar
Casa de sonho
Carro futurista
E um sol com rosto.
Vem brincar comigo…
Mil cores
Lápis de cor,
Cera, carvão
Canetas de feltro
Quadro de giz
Aguarelas.
Vem brincar comigo…
Papel de lustro
Branco, vegetal
Cartolina, seda
Construir
Pintar o Mundo.
Bonecos, bonecas
Peluches, Heróis
Plantas, Bichos
Estranhos Seres
Com que
Sem medo
Preenchemos Mundo.
Jogos, pista
Damas, xadrez
Monopólio, Risco
Charada, adivinha
Brincar, enfrentar
Níveis, atalhos
Dificultar, exigir
Questionar
Mais do Mundo.
Vem brincar comigo…
“ Ao quero ser
Quando crescer…”
Médico, enfermeiro
Bombeiro, cozinheiro
Cientista, gestor
Pai, Mãe
Neto, Avô
Trolha, soldado
Príncipe, ladrão
Tudo sem saber
Que vamos ser
Nossa Vocação.
Vem brincar comigo…
Imagina o que não és.
Dá-me tua mão…
Como se fossemos
Crianças… ainda.
Sem Conhecer,
Desconfiar, Imaginar
Este nosso Mundo…
Adulto!
Não deixes de ser criança
E Vem brincar comigo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

"O Principezinho"

Aos trinta e cinco anos, li pela primeira vez “O Principezinho” - versão original. Há muito que ouvia falar do livro, talvez minha vida toda até à presente data, sem nunca sentir curiosidade para o comprar. Pior que isso, só mesmo as pessoas que já o leram e não sentiram necessidade de o oferecer. Imperdoável. É o tal livro que todos deviam ler, de preferência em criança, na fase em que ainda se está a formar o carácter, a personalidade.

Muitas são as ilações que se podem tirar da obra. Depende de quem o lê, da personagem que se adopta como sua e do seu imaginário para colocar a acção.
Facilmente coloquei-me na pele do escritor, na criança que desenhava o que os adultos não percebiam, no já homem aviador que se despenha no deserto, se entendermos a obra como uma auto-biografia.
Pensava ser o único a não perceber o Mundo complexo que é o dos Homens. O primeiro a sentir-me “perdido” neste planeta de nome Terra. Mas não fui… Antoine de Saint-Exupéry relata tão bem o que minha alma vive, presa, sem ninguém a entender. Quantas “rosas orgulhosas”, julgando-se únicas, importantes, me fazem pensar em partir. Procurar outro planeta onde a importância seja isso mesmo – o de ter importância, onde o essencial não seja visível para os olhos, onde o coração escute e fale sem receios, medos. Não a beleza, a ambição, o poder, que destrói a criança e dá lugar ao adulto que se consome a si mesmo. Dia-a-dia, sem “ver” passar o tempo, sem dar conta dos anos a passar e da vida que não foi.
Como é difícil ouvir as estrelas a rir e devolver em troca um sorriso, sem o Bicho-Homem questionar nosso estado de sanidade. Como é difícil cativar o Bicho-Homem, cuja amizade está sempre associada a um interesse e cuja passagem por nós não deixa nada. O ensinamento da “raposa” passa ao lado. Um vazio no Ser que carregam.
Quantas vezes me questionam, quando digo que os dedos de uma mão são suficientes para contar meus amigos. Duas, se for mais abrangente. Já conhecidos, eram várias as mãos.
Tu, Antoine, entendias-me na perfeição e juntavas-te a mim, tenho certeza, quando questiono “O que é isto que se passa na Terra!?” Viver… É a vida… dizem uns… muitos… uma maioria… um Mundo, o nosso Mundo.
E eu, calado, deslocado, sem perceber esta vida, procuro um cantinho, onde possa olhar o céu e no meio de tanto “barulho”, consiga ouvir minha estrela a rir. E assim… conseguir sobreviver.

Agradeço a ti, Isabel, por me teres oferecido este livro. Este livro, que deveria ser obra obrigatória em todas as escolas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Oração a Maria

Virgem Maria
De Fátima
Atendei minhas palavras
Atendei minha oração:
Família a quem desejo
Tudo acima de todos
Peço protecção divina
Desejo Vida eterna
Com Saúde,
Alegria.
Ao Amor conquistado,
Por quem coração bate
Partilho mesmo voto
Um Anjo protector
Salvaguarda Mariana.
Aos amigos
De minha vida
Passada, presente, futura
Dai-lhes minhas rezas
Da caixinha intitulada
“Tudo de Bom aconteça”.
Senhora do Rosário
Rainha de Portugal
Protegei nosso cantinho
Nosso país, nosso Mundo
Das guerras, injustiças
Dos Desastres
Das misérias
Que ceifam
Inocentes vidas…
Protegei as crianças.
Nossa Senhora
Minha amiga
Rogo por todos
Que me rodeiam
Acredito
Em tua força
Em Teu dom
Misericordioso
Em tua graça
Na paz.
Nossa Senhora Maria
Intercede junto ao Pai
Que perdoe nossos pecados
E Livrai-nos de todo o mal
Ámen

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Gato por Lebre

Quantas agências publicitárias se dignam vender um produto com defeito!? Quantos publicitários estão dispostos a queimar seus neurónios, arriscar a reputação de sua empresa, para conseguir vender um serviço que esteja caduco, que não sirva para nada!? Não estou e pouco sei do ramo, mas a tendência deve tender para zero.

Fiz estas perguntas a mim mesmo. Gosto de as fazer e ficar a pensar nas mais diversas respostas.
Existe algo parecido, em Portugal, ao atrás descrito. Não sei quem está por detrás da máquina partidária e da imagem do Primeiro-ministro José Sócrates, mas, tenho de os felicitar.
Após o vinte cinco de Abril de 1974, ninguém conseguiu manipular tão bem a comunicação social como a máquina do PS. Já tínhamos visto, um canal generalista privado sofrer pressão para mudar a direcção de informação e colocar jornalistas incómodos na prateleira para abafar os casos mais melindrosos em que o primeiro-ministro estava envolvido. Conseguiram...
Vimos também, uma novela, bem ensaiada, de nome “Congresso”, que mais não serviu para passar ao exterior a imagem de “Calimero”. O culpado da crise politica, o resultado da bancarrota a que chegámos tinha sido dos partidos da oposição. Mais concretamente de Passos Coelho e do seu PSD, que não governando o país nos últimos seis anos, conseguiu tal proeza. Houve idolatração, vénias, lágrimas pelo grande timoneiro que tudo faz (fez) para salvar Portugal. Sim! É preciso “salvar” o país de quem queira salvar e endireitar o país – é este o lema.
Nas duas ultimas semanas, o expoente máximo aconteceu. No Fórum da TSF, Sócrates, disposto a responder às perguntas dos ouvintes só conseguiu ouvir elogios, bem-hajas por sua existência, qual D. Sebastião que vem salvar o país de um governo que nos deixou de parra à frente e nada atrás. A máquina do PS trabalhou bem, tendo conquistado a grande maioria das chamadas e assim passar a mensagem, que Sócrates é o Salvador que todos devíamos seguir. A reacção de tal façanha não se fez esperar, ficou bem evidente no site da TSF e na página da estação no Facebook – muito contrárias ao que foi para o ar. Há sempre gente, pessoas “incultas” que não “comem e estão caladas”. Nem um comunicado do director da estação fez com que houvesse repercussão em outros meios de comunicação. Não há ninguém neste momento que toque, ou arranhe, a imagem do PM.
Ontem, mais show off. Sócrates convoca uma conferência de imprensa para as 20:30. Era preciso aparecer em directo nos telejornais, mas não se podia perder todo o telespectador que estava a ver o jogo Barcelona-Real Madrid. Esperou-se pelo intervalo. Uma pseudo-conferência onde foi proibido tirar fotografias. Só o fotógrafo do Primeiro-ministro tinha autorização para tal. Alguém reclamou!? Uma pseudo-conferência de imprensa onde não foi possível fazer perguntas. Alguém reclamou!? Uma pseudo-conferência de imprensa onde se iria explicar, definir o futuro próximo dos portugueses e dela nada saiu. Em vez das medidas que iriam afectar os portugueses, houve campanha eleitoral. Ninguém me tira da cabeça, que foi a máquina do PS que andou a inundar os meios de comunicação com as medidas monstruosas que ai vinha, com o terror dos senhores do FMI. Está tudo explicado. Tudo isto serviu para José Sócrates aparecer como Santo, como Salvador, como o principal responsável que afastou o demónio de todos nós - e por isso ele estava contente. Nem um sacrifício… nem o valor do empréstimo…só aquilo que o povo queria ouvir, omitindo a verdade, escondendo toda e qualquer medida que vai/irá ao bolso de quem trabalha, de quem já pouco tem. Afinal, tinha e fazia tudo parte de um espectáculo. E que faz a comunicação social que foi e continua a ser manipulada? Nada… Absolutamente nada…. De joelhos, continua seguindo e participando no espectáculo.
A máquina partidária do PS, é das melhores que já se tem visto. Não sei se alguma agência publicitária conseguia colocar “gato por lebre” no mercado e as vendas do produto continuarem em grande. Há quem o consiga fazer há seis anos consecutivos e a bom ritmo para continuar a ser líder de mercado... infelizmente.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tejo

Tejo!...
Que ouves meu desabafo
Frases soltas, palavras
Que mais ninguém quer escutar.
Que abraças minha alma
Ferida, angustiada
Deste mundo que não o meu.
Tejo!...
Vejo no teu ondular
Padrão de tuas vestes
Dançando para mim
Reanimando meu Ser.
No bater junto ao cais
Na melodia de tua voz
Acato teus conselhos
Orquestrados para mim.
Cacilheiro, catamarã
Veleiro, canoa
Deslizam em teu corpo
Em tela de Lisboa
Que pintas para mim.
Corro tuas margens
Acompanhando teu caminho
Debruço-me sobre ti
Salpicas meu rosto
Em gesto de carícia.
Tejo!...
Para onde vais!?
Na corrente de tuas águas
Leva meu coração
Saudoso de paixão.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fado

Pé ante pé
Subimos a Sé.
Acenamos António
Casamenteiro Santo
Destino Alfama
Bairro, marcha
Velha Lisboa.
Becos, pátios, ruelas
Almas perdidas
Severas, marceneiros
Negras vestes.
Local de pasto!?
Marquês da Sé
Iluminada vela
Sala meia-luz
Brilha teu olhar…
Ofuscas artistas.
Faz-se silêncio…
Entre cada sorriso teu…
Cantam alegria,
Prazer, felicidade.
Tristeza, saudade
Comoção
Na despedida.
Toca a viola,
Trina a guitarra
Que chama por nós
E acompanha
Meu, teu
Este que é
Nosso fado.

terça-feira, 22 de março de 2011

Andorinha

Andorinha
Da Primavera
Serpenteia Douro rio
Bebe de suas águas
Vem juntar teu voar
As garças, gaivotas
Pombos
Que habitam suas margens
E ao meu caminhar.
Andorinha
Doce Ser
Nidifica junto à foz
Onde Mar
Namora rio
Pousa, descansa
Reflecte
Em São Miguel – o Anjo
Que protege passantes
Ilumina navegantes
E abraça minha alma
Que longe chora
Distancia.
Sobrevoa Cantareira
Mira barcos, botes
Pesqueiros
Redes que trazem
Alimento
Artefactos de uma vida
Saboreia chegada
De um regresso
Desejado.
Silêncio de palavras
Beijo, abraço
Perdidos, ganhos
Nas asas
De um voar
Que se quer
Mais Além.
Voa, plana
No Marégrafo
Como vão
As marés!?
Ondas entram na barra
Bate meu coração
Sinaliza os momentos
Desta nossa paixão.
Andorinha
Nesse Forte
Contempla
Doces salgadas águas
Que salpicam
Pescadores
Embalam
Meu olhar
No embarcar
De teu sorriso.
Partida anunciada
Lágrimas
Correm meu rosto
Andorinha…
Que saudade.

terça-feira, 15 de março de 2011

Porque digo... BASTA!!

Ontem, 15 de Março, José Sócrates falou ao país. E falou como gosta, protagonista na tela dos “telejornais” das 20h. Mas falhou num aspecto: não disse o que os portugueses gostavam de ouvir. Mais uma vez, falou para o seu umbigo, com arrogância, para defender sua imagem e culpar terceiros da situação do país.

BASTA! A nossa crise económica é muito mais antiga que a crise internacional, de que tanto culpa. Esta só veio acelerar o ritmo e servir de desculpa para o desgoverno dos últimos anos.

BASTA! PEC`s e mais PEC`s que não trazem estabilidade nem crescimento. Só a falência de pequenas e médias empresas e o avolumar das classes sociais mais baixas.

BASTA! De fazer festa de cumprimento do défice, quando se sabe que só o atingiram graças a artimanhas contabilísticas e ao aumento de impostos, porque a despesa continua a crescer…

BASTA! De “roubar” quem trabalha e quem quer trabalhar com subidas vertiginosas de impostos e taxas, muita vez mascarados e mal explicados.

BASTA! De pedir mais sacrifícios que não levam a resultado algum. Começámos a apertar o cinto e puseram-nos de tanga. Passámos a ser prostitutas de um governo proxeneta, que no final do mês quer tudo que ganhámos com nosso suor, para continuar a viver à grande.

BASTA! De pedir a quem trabalhou uma vida que pague os custos de tanto desbaratamento do erário publico.

BASTA! De culpar a oposição de querer instabilidade politica, quando é o governo que cria as condições para tal. Não fala com a oposição, não comunica com o Presidente da Republica, toma as medidas que quer e só depois da “sopa” feita é que diz estar aberto a ouvir propostas.

BASTA! De culpar o Presidente da Republica de querer dividir os portugueses, quando foi o próprio governo quem os dividiu.

BASTA! Desta instabilidade politica, económica e social que assolou Portugal. Está na hora da oposição tomar as rédeas e não ter medo de eleições. Há que mudar o rumo do pais, mais que criticar há que ter coragem. Esperar mais para quê!? Já batemos no fundo e é nesta altura que se vê quem é capaz de levantar Portugal deste KO técnico, onde o crescimento, desenvolvimento, estabilidade, igualdade nas oportunidades se deseja.

Por muito menos, Sampaio dissolveu o Parlamento e “correu” com Santana Lopes. “Há mais vida para além do défice” dizia o senhor… Alguém já lhe perguntou onde anda, nestes últimos anos, a VIDA!? O défice passou a comandar…

BASTA! De dizer que está tudo sob controlo, no bom caminho e que não precisamos de ajuda, quando todas as semanas pedimos ajuda externa a juros insuportáveis que rondam os 7% e 8%.

BASTA! Do Estado viver acima das suas possibilidades, à custa do Zé Povinho.

BASTA! De austeridade para cobrir incompetências e falhanços.

BASTA! Deste esticar de corda entre Governo e oposição, entre Governo e Presidência da Republica.

Quero que a corda estique de vez e que parta. BASTA de ser espezinhado.

Não gosto, nem quero revoluções. Quero eleições antecipadas já!

Em Democracia, há que viver com as vitorias e com as derrotas políticas. Não se pode pedir eleições, sempre que não se gosta de um governo. O PSD já comunicou que não viabilizará as medidas agora anunciadas. Não é preciso ser comentador político ou politólogo para saber que o governo está a prazo e que não vai acabar a legislatura. E adiar o que é inevitável, só agravará ainda mais o estado do País.

Por alguma razão, o Governo não apresenta uma Moção de Confiança.

Por alguma razão, não se apresentam Moções de Censura com carácter sério.

Em ambos os casos, a palavra MEDO está presente. Medo de perder o poder e medo de chegar ao poder no estado em que isto está. Não podemos continuar a viver num país assim.

Está na mão do Senhor Presidente da Republica dar voz ao povo, à sociedade em geral, acabar com este regabofe e dissolver a Assembleia da Republica.

Não podemos hipotecar o pouco que nos resta, esperando que o governo caia de podre.

Basta! Desta pré-campanha eleitoral em que entrámos e que esbanja o dinheiro dos contribuintes

Eleições JÁ!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por terras alentejanas

Cinco dias no Alentejo com base em Évora, foi o destino de fim-de-semana que decidimos prolongar. Já há muitos anos que não pisava terras alentejanas. A bem dizer, nem me lembrava ao certo quando tinha sido a ultima vez e onde. Fiquei rendido. A paz que se sente naquele território é soberba. Estradas desertas rasgando campos verdes, oliveiras, azinheiras, gado, imagens belas que a visão fotografa e o cérebro guarda para mais tarde recordar.

Verdade que o tempo não ajudou a uma visita mais produtiva no sentido de visitar mais espaços, de fazer mais deslocações no terreno. Mas não foi impeditivo de saborear sua cultura e ao mesmo tempo passar uns belos dias a dois.

Visitámos o esplendor de Évora – Património Cultural da Humanidade. A catedral e seu Claustro, Igreja de S. Francisco e a Capela dos Ossos, o Museu de Évora, a Universidade. A Praça de Giraldo e o Largo Conde Vila Flor, o Largo da Porta de Moura com sua Fonte renascentista e a Janela Manuelina da Casa de Garcia de Resende, o Aqueduto da Agua da Prata, as Ruínas do Templo Romano, o Jardim Público, o que se pode ver do Castelo Velho, já que estava em obras, a Porta de D. Isabel… Andámos pelas ruas e ruelas, dentro da muralha, perdidos e achados à descoberta de sua, nossa história. Decidimos não visitar os monumentos megalíticos ao redor de Évora. Muitos estão em terrenos pouco acessíveis e o tempo não era propício para grandes caminhadas ou para fazer deslocar o carro, onde só o todo-o-terreno se safa. Neste aspecto ficámos pelo Alto de S. Bento. Local onde se tem uma vista panorâmica da cidade e onde explicam os sinais e vestígios pré-históricos daquele local.

Levámos a lição bem estudada de casa, sabíamos o que havia para visitar, contudo não deixámos de nos dirigir ao posto de turismo. Atendeu-nos um senhor. Levantou-se de sua cadeira e em cada oportunidade espreguiçava-se, a cada pergunta, respondia atirando um panfleto para cima do balcão “Está aqui…” “Tem aqui…” As respostas, tínhamos de as procurar nos ditos papéis. Parecia um verdadeiro alentejano das anedotas, sem querer ofender este povo. No posto de Turismo, na Praça de Giraldo, Évora é muito mal “vendida”.

A mesma critica se dirige a quem gere a Catedral (parece ser a Igreja). Foram três as tentativas para a visitar. De notar que, o seu complexo, contempla a Catedral em si, o Claustro, a Torre e o Museu de Arte Sacra. O horário é que não serve a todos (Catedral: 9:00 – 12:20 e 14:00 – 16:50; Museu: 9:00 – 11:30 e 14:00 – 16:00 encerrando ao Domingo. Em ambos, ultima entrada meia hora antes do fecho). No primeiro dia demos com a porta fechada. No segundo dia, chegámos 45 minutos antes do fecho ou seja ainda tínhamos 15 minutos para entrar, mas não nos foi permitido. Em conversa disseram-nos que no dia a seguir (segunda-feira) podíamos visitar tudo com excepção do Museu. Assim fizemos e para espanto nosso, além do Museu, também a Torre estava fechada à segunda-feira. Não quisemos arriscar sair da cidade sem visitar um dos seus monumentos. Visitámos o que nos foi permitido: Catedral e Claustro, sem antes deixar bem claro o nosso descontentamento e perguntar quem era o responsável por aquele “(des)governo”. O rapaz já não nos podia ver à frente. Até permitiu que tirássemos fotografias, onde estava bem explicito ser proibido. Mas já que autorizou, toca a fotografar. Para ajudar ao descontentamento, faltou a luz “É normal, daqui a 5 ou 10 minutos já volta” e para ver algumas das capelas… só possível se comprássemos umas chapas que acendiam as luzes.

Évora, cidade que transborda cultura, é para ser visitada a pé. E no nosso caso, de guarda-chuva, cachecol, gorro e tudo o mais que permitisse lutar contra a chuva, vento e frio. Para se perder em suas ruas medievais que acabam sempre em algum ponto histórico, mas de carro partimos para outras localidades.

Em Estremoz passeámos pela Porta de Santo António e pela Porta de Santa Catarina e ainda visitámos o Claustro da Misericórdia. Pouco mais, com pena, mas a chuva e o frio eram demais para andar feito turista. O regresso nesse dia foi por Vila Viçosa, onde vimos a fachada do Museu do Mármore e o monumental Palácio.

Em Alqueva, visitámos a barragem, o seu Memorial, vimos o grande lago e andámos em seu redor. Passámos por Mourão, fomos pôr gasóleo a Espanha e dirigimo-nos a Monsaraz. Uma das Vilas mais bonitas, senão “A Mais” de Portugal. A vista é divina, paisagens tiradas de um postal ilustrado e percorrer as suas ruas fortificadas é um privilégio. Poucos saberão como é bonita a Vila de Monsaraz e o que a vista alcança.

No regresso a Lisboa, ainda deu para ir ao Castelo de Arraiolos e apanhar chuva de granizo. Mas chuva de “calhaus”, não valendo o susto foi em plena Ponte Vasco da Gama. De repente o céu ficou negro, deixámos de ver o rio, troveja, cai granizo e os carros automaticamente abrandaram para uns 20 km/h tal era o respeito pelo temporal e pela pouca visibilidade. De meter medo, confesso.

Nestes dias alentejanos e como bons turistas não deixámos de provar algumas iguarias gastronómicas da própria zona. Não nos podemos queixar que comemos mal, antes pelo contrário. Comemos muito bem, só era preciso nos deixarem… É que para aquele povo, almoçar às 14 horas é quase impossível, jantar às 19:30 é cedo e às 22 horas tarde de mais.

De salientar ainda, que conseguimos fazer, nove caches alentejanas, É que isto do geocaching é um vício e acompanha-nos sempre, mas disto escrevo noutro dia.



Amei este passeio e há sítios aos quais queremos voltar. De preferência com melhor tempo, porque isto de “cachar” à chuva… Er!... Porque isto de tirar férias e apanhar SEMPRE chuva, vai ter de acabar :-))

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bola de Sabão

Desmontei uma caneta. Daquelas, antigas, que formam um tubo perfeito para a ocasião quando desmontada. Juntei sabão à água e molhei sua ponta. Tirei-a da mistura e soprei, soprei… Soprei até me ver envolvido numa bola de sabão. Tinha feito o meu Mundo e nele habitava todo aquele que me estava no coração.

Dentro da bola de sabão reinava a calma, a paz, o silencio… Como se fosse um sonho. Nas suas paredes via constantemente as cores do arco-íris. As sete entrelaçavam-se entre si dando origem a todas as outras. O céu era azul com padrão branco nuvem, os campos eram pintados de todas as tonalidades de verde, manchados pela cor de cada flor. Belas! Eram tantas! Espalhando seu perfume pelo ar… Inspirava aquele aroma, meu oxigénio dentro da bolha. O Mar, ondulava ao ritmo da dança de seus habitantes cuja música era seu rebentar. Límpido, sereno, meu habitat onde mergulhava e convivia com seres de outra espécie.

Stress era palavra que não constava no idioma falado, escrito… Nem medo, nem discriminação, nem adjectivos eram utilizados em comparações. Cada qual era como era… Todos tinham uma função, todos eram importantes, todos faziam falta ou talvez não. Ninguém dependia de ninguém, cada um sabia sua responsabilidade, sem necessidade de a mandar ou fazer cumprir horário.

O Sol, a Lua, as estrelas, guiavam o dia. Harmonia entre o Ser e a Natureza permitia usufruir de algo que não era o Paraíso, mas estava perto. Serras, vales, montes, mares, florestas invioláveis num postal ilustrado que era a Bolha. O poder instituído era o respeito. Nem direitas, nem esquerdas, nem centros, ditaduras, reinados. Subalternos existiam sim, mas fora da Bola de sabão.

Pássaros voavam cantando, pousando no ombro, oferecendo música ambiente ao dia. Sapos coaxavam nas poças da chuva avisando perigo. Borboletas, libelinhas, montavam espectáculo ao longo do caminho. Estações do ano, bem definidas e cada uma sabia exactamente a sua altura de brilhar e contemplar com sua magia.

A paixão pela vida era característica comum aos habitantes. O sorriso fazia parte essencial do dia, cura de todas as maleitas. O Amor era vivido para sempre, como nos contos de fadas. Não havia discussões, vida tão curta não permitia perder tempo… Energia era necessária para causas mais nobres.

Na Bola de sabão construi meu Mundo e nele quero viver. Sem barulhos que ferem ouvidos, cheiros nauseabundos que intoxicam própria alma, poluição que ganha terreno à própria vida, doenças que alastram tornando cada um em morto-vivo… Traições que aniquilam amizades em troca de lugares, carreiras, protagonismos…

Na Bola de sabão durmo, sonho, ACORDO!!!....
NÃÃÃÃÃOOOOO!!!... (Puuuff!!)
Abro os olhos para o mundo…
Nada é igual…
Mas tento viver…
Sobreviver…
Como se habitasse na bola de sabão.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Toca o sino

Toca o sino…
Hora a hora
Meia hora
Badalada
Vento leva
E longe escuto
O seu bater…
Toca o sino…
Donzela adormecida
Levanta-se de seu leito
Abre janela
Deixa som entrar
E longe escuto
O seu acordar…
Toca o sino…
Dançando alegremente
Badala, badala
Chama o povo
Para reza de domingo
E longe escuto
O seu cantar…
Toca o sino…
No alto da torre habita
Pomba, gaivota
Rola
Perfeita harmonia
E longe escuto
O seu voar…
Toca o sino…
Dia a dia
Marcando tempo
Dia a dia
Não esquecendo
E longe escuto
Sinto, vivo
A saudade…
Toca o sino…
Badalo da vida
Embala suspirando
Toca, vibra
Alegremente
Ecoando
Em teu corpo
E longe escuto
O ressoar da paixão
Batendo meu coração
Por cada tocar de sinos.