quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por terras alentejanas

Cinco dias no Alentejo com base em Évora, foi o destino de fim-de-semana que decidimos prolongar. Já há muitos anos que não pisava terras alentejanas. A bem dizer, nem me lembrava ao certo quando tinha sido a ultima vez e onde. Fiquei rendido. A paz que se sente naquele território é soberba. Estradas desertas rasgando campos verdes, oliveiras, azinheiras, gado, imagens belas que a visão fotografa e o cérebro guarda para mais tarde recordar.

Verdade que o tempo não ajudou a uma visita mais produtiva no sentido de visitar mais espaços, de fazer mais deslocações no terreno. Mas não foi impeditivo de saborear sua cultura e ao mesmo tempo passar uns belos dias a dois.

Visitámos o esplendor de Évora – Património Cultural da Humanidade. A catedral e seu Claustro, Igreja de S. Francisco e a Capela dos Ossos, o Museu de Évora, a Universidade. A Praça de Giraldo e o Largo Conde Vila Flor, o Largo da Porta de Moura com sua Fonte renascentista e a Janela Manuelina da Casa de Garcia de Resende, o Aqueduto da Agua da Prata, as Ruínas do Templo Romano, o Jardim Público, o que se pode ver do Castelo Velho, já que estava em obras, a Porta de D. Isabel… Andámos pelas ruas e ruelas, dentro da muralha, perdidos e achados à descoberta de sua, nossa história. Decidimos não visitar os monumentos megalíticos ao redor de Évora. Muitos estão em terrenos pouco acessíveis e o tempo não era propício para grandes caminhadas ou para fazer deslocar o carro, onde só o todo-o-terreno se safa. Neste aspecto ficámos pelo Alto de S. Bento. Local onde se tem uma vista panorâmica da cidade e onde explicam os sinais e vestígios pré-históricos daquele local.

Levámos a lição bem estudada de casa, sabíamos o que havia para visitar, contudo não deixámos de nos dirigir ao posto de turismo. Atendeu-nos um senhor. Levantou-se de sua cadeira e em cada oportunidade espreguiçava-se, a cada pergunta, respondia atirando um panfleto para cima do balcão “Está aqui…” “Tem aqui…” As respostas, tínhamos de as procurar nos ditos papéis. Parecia um verdadeiro alentejano das anedotas, sem querer ofender este povo. No posto de Turismo, na Praça de Giraldo, Évora é muito mal “vendida”.

A mesma critica se dirige a quem gere a Catedral (parece ser a Igreja). Foram três as tentativas para a visitar. De notar que, o seu complexo, contempla a Catedral em si, o Claustro, a Torre e o Museu de Arte Sacra. O horário é que não serve a todos (Catedral: 9:00 – 12:20 e 14:00 – 16:50; Museu: 9:00 – 11:30 e 14:00 – 16:00 encerrando ao Domingo. Em ambos, ultima entrada meia hora antes do fecho). No primeiro dia demos com a porta fechada. No segundo dia, chegámos 45 minutos antes do fecho ou seja ainda tínhamos 15 minutos para entrar, mas não nos foi permitido. Em conversa disseram-nos que no dia a seguir (segunda-feira) podíamos visitar tudo com excepção do Museu. Assim fizemos e para espanto nosso, além do Museu, também a Torre estava fechada à segunda-feira. Não quisemos arriscar sair da cidade sem visitar um dos seus monumentos. Visitámos o que nos foi permitido: Catedral e Claustro, sem antes deixar bem claro o nosso descontentamento e perguntar quem era o responsável por aquele “(des)governo”. O rapaz já não nos podia ver à frente. Até permitiu que tirássemos fotografias, onde estava bem explicito ser proibido. Mas já que autorizou, toca a fotografar. Para ajudar ao descontentamento, faltou a luz “É normal, daqui a 5 ou 10 minutos já volta” e para ver algumas das capelas… só possível se comprássemos umas chapas que acendiam as luzes.

Évora, cidade que transborda cultura, é para ser visitada a pé. E no nosso caso, de guarda-chuva, cachecol, gorro e tudo o mais que permitisse lutar contra a chuva, vento e frio. Para se perder em suas ruas medievais que acabam sempre em algum ponto histórico, mas de carro partimos para outras localidades.

Em Estremoz passeámos pela Porta de Santo António e pela Porta de Santa Catarina e ainda visitámos o Claustro da Misericórdia. Pouco mais, com pena, mas a chuva e o frio eram demais para andar feito turista. O regresso nesse dia foi por Vila Viçosa, onde vimos a fachada do Museu do Mármore e o monumental Palácio.

Em Alqueva, visitámos a barragem, o seu Memorial, vimos o grande lago e andámos em seu redor. Passámos por Mourão, fomos pôr gasóleo a Espanha e dirigimo-nos a Monsaraz. Uma das Vilas mais bonitas, senão “A Mais” de Portugal. A vista é divina, paisagens tiradas de um postal ilustrado e percorrer as suas ruas fortificadas é um privilégio. Poucos saberão como é bonita a Vila de Monsaraz e o que a vista alcança.

No regresso a Lisboa, ainda deu para ir ao Castelo de Arraiolos e apanhar chuva de granizo. Mas chuva de “calhaus”, não valendo o susto foi em plena Ponte Vasco da Gama. De repente o céu ficou negro, deixámos de ver o rio, troveja, cai granizo e os carros automaticamente abrandaram para uns 20 km/h tal era o respeito pelo temporal e pela pouca visibilidade. De meter medo, confesso.

Nestes dias alentejanos e como bons turistas não deixámos de provar algumas iguarias gastronómicas da própria zona. Não nos podemos queixar que comemos mal, antes pelo contrário. Comemos muito bem, só era preciso nos deixarem… É que para aquele povo, almoçar às 14 horas é quase impossível, jantar às 19:30 é cedo e às 22 horas tarde de mais.

De salientar ainda, que conseguimos fazer, nove caches alentejanas, É que isto do geocaching é um vício e acompanha-nos sempre, mas disto escrevo noutro dia.



Amei este passeio e há sítios aos quais queremos voltar. De preferência com melhor tempo, porque isto de “cachar” à chuva… Er!... Porque isto de tirar férias e apanhar SEMPRE chuva, vai ter de acabar :-))

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