quarta-feira, 27 de julho de 2011

Óculos de Sol

Todos nós sabemos, por certo, definir óculos de sol. A sua nobre utilidade na protecção da vista, não é colocada em causa, mas… E há sempre um “mas” que assombra meu pensamento e faz-me pensar. Dúvidas, perguntas que faço a mim mesmo sem conseguir alcançar resposta.
Existem muitas pessoas que utilizam os óculos de sol por questões de saúde, de bem-estar e até para facilitar a realização de certas tarefas como a condução. A claridade, só por si pode incomodar a vista. Eu próprio, deveria de usá-los diariamente, já que, quase basta ser dia, para franzir os olhos tipo “chinês”. Mas a preguiça de andar com dois pares de óculos e passar o dia, no tira e põe óculos… não é comigo. Dai só os usar ocasionalmente. 
Outras pessoas utilizam-nos, apenas e só, como acessório de moda. Têm dezenas de pares, armações e lentes das mais diversas cores e feitios e para toda a indumentária. São questões de gosto, nada tenho contra, até porque, há muita gente que fica bastante fashion com os óculos certos. Muitas destas, recusam aparecer em publico com óculos de correcção, utilizando lentes de contacto ou até mesmo nada. Preferem ver mal, pensando ficarem menos belas (como se um par de óculos, só por si, definisse feiura) ou a serem conotadas com “caixinha de óculos” ou “pitosga”. Estes termos, de gozo, discriminatórios e pouco democráticos não se aplicam aos óculos de sol, mas sim e quase só a quem tem problemas de miopia e astigmatismo. Portanto, e do ponto de vista desta gente, um Ser com óculos de Sol, incólume a tal xingação é por si só… um ser de outra beleza, de uma divisão superior. Mesmo que não veja nada à frente e as lentes sejam chinesas ou marroquinas de má qualidade e lhes estejam a dar cabo da vista.
Muitas são as razões para as pessoas gostarem de os usar. Como se costuma dizer “Gostos não se discutem” e se gostam de os usar só porque sim… quem sou eu para colocar isso em causa. Não deixa de ser engraçado assistir às suas inúmeras utilidades. Num dia de Inverno rigoroso servirão por certo para não borrar a pintura dos olhos das senhoras (e nos senhores!? não faço a mínima ideia). Existem algumas pessoas, que os guardam na testa, ou, será uma nova utilização para esconder algo!? Na cabeça, também são muito úteis - a servir de bandolete ou para proteger os piolhitos dos raios ultra-violeta. Podem até mesmo, ao serem utilizados na boca e roendo as hastes ser uma bela substituição das unhas. E uma bela passerelle ao não sair do chapéu, com este posto – seja boné ou de palha.  
Vejamos mais casos.
Porquê que há pessoas que utilizam óculos de sol em sítios como o metropolitano de Lisboa!? Será por causa da luz? A luz do Sol não entra e a artificial é tão fraca que custa crer, causar tanto problema à vista de inúmeros portugueses. A explicação pode ser o não querer ser descoberto a dormir, mas, (desculpem-me se vou dizer alguma coisa que não saibam) a boca meio aberta e o descair da cabeça não há óculos que disfarce. Pode haver outra explicação. O de poder mirar quem entra e quem sai, de cima a baixo, sem ser topado. Neste caso as lentes costumam ser espelhadas (ao longo do dia, sempre vai dando para o "espelho! espelho meu..."), o problema é que, quando gostam demasiado da vista – também aqui, de pouco servem para ocultar o que quer que seja – acabam sempre por dar nas vistas ao olhar por cima dos óculos de sol. Digamos que, para poderem ver ao “natural”.
Outra situação que me causa alguma estranheza é nos velórios e enterros. Para muitas pessoas, os óculos de sol é o acessório indispensável para ocultar o que se sente. Ou emocionam-se e têm vergonha que as vejam chorar, ou não se emocionam e têm vergonha, mas desta feita, que as não vejam chorar. Em ambos os casos, não percebo o porquê de se esconderem. A sinceridade está no que dizem os olhos.
“Esconder”! Deve ser a grande utilização para os óculos de sol. Para além do que já escrevi antes, poderão servir de manhã para esconder as rugas de uma noite mal dormida, um olho negro, um terçolho, um olhar indiscreto, esconder-se no final de contas de si mesmo. 
Por último, ajudam na falta de educação. Quando apresentam uma pessoa e esta não tira os óculos de sol e mantêm-se sempre a conversar com eles postos sem se ver nesga dos olhos… Merece educadamente um “passe bem” e até à (não) próxima vez. 
Caros amigos, este texto não foi escrito com os óculos de sol posto. Bem podia ter sido, para não ver o que, para aqui, escrevi. Foi, isso sim, pensado com eles postos, num dia de praia, deitado e de olhos fechados. Para que serviam os óculos de sol!? Bem!... Talvez para pensar que fosse noite e dormiscar um pouco J