quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Porque não entendo os fumadores

Apetece-me escrever sobre tabaco. Não! Não vou escrever directamente sobre seus malefícios. Esses, já todos conhecem. Apetece-me falar das pessoas que exercem o tão “nobre” acto e do modo como levam a vida de um modo incoerente. Ou da maneira como levam a vida de modo coerente e depois abrem a janela da incoerência, como se não fosse importante para definir a sua personalidade. É verdade que é preciso conhecer bem as pessoas, mas não é assim tão difícil de detectar tais incongruências nas suas vidas.

Quantos de nós conhecem pessoas que fazem exercício, frequentam ginásios… Sim! Porque o exercício faz bem à saúde. “Corpo são em mente sã”, acho que é assim que se costuma dizer. Acontece, que para muita desta gente, o “corpo são” limita-se apenas e só ao aspecto físico. Já a mente sã, não me parece que seja de quem fume. Antes pelo contrário. Que querem eles afinal, quando acabam de andar de bicicleta, de correr ou de fazer qualquer outro exercício e ainda ofegantes puxam de um cigarro!? Se calhar o melhor para esta gente é mesmo correr ou andar de bicicleta no meio do trânsito. Assim, à medida que vão exercitando, vão “fumando” uns tubos de escape. Juro que não entendo…

Como não entendo as pessoas que vão caminhar para a beira-rio, para o parque ou para a praia à beira mar, longe da poluição que a vida citadina oferece diariamente. É vê-los inspirar, expirar, como se os pulmões estivessem a limpar. Podia pensar que seria para poderem respirar um pouco de ar puro, mas… no final… puxam de um cigarro!?!?

Também há aquelas que se preocupam com a alimentação. Não comem certo tipo de carne, porque tem muita gordura, peixe só de certa espécie porque não sei o quê…, doces só muito de vez em quando, sal nem pensar, pão só com nada porque o conteúdo engorda. Fritos nem vão à mesa. Fruta, muita fruta, porque faz bem e quase sempre sabem o valor calórico do que consomem. Alguns, vão ao extremo de serem vegetarianos. Digamos até que grande parte deles sabe fazer refeições equilibradas, ou tentam. Mais vale tentar, do que não o fazer, verdade. O que já não percebo é porquê que acabam a refeição com um cigarro… Não estou a ver onde possa entrar na roda dos alimentos, para ter o “luxo” de fazer parte de tão rígida ementa.

Podia agora falar só do sexo feminino, mas hoje em dia, já é comum em ambos os sexos. Eles são cremes anti-rugas, eles são cremes anti-envelhecimento, eles são cremes para hidratar, outros para limpar, esfoliar, há os de dia, tarde, noite, toda uma panóplia para que a pele esteja sempre bem e aparente juventude com o envelhecer. Desconheço, mas talvez os cigarrinhos que esta gente de pele aparentemente bonita fuma, possa ser também vitalizante. Quem sabe se um dia destes ainda vou ver nos SPA`s “banhos de fumo para o seu corpo”. Até já imagino a oferta – Na compra de dois banhos de fumo de cigarro, oferecem um banho fumegante facial de cachimbo.

Mas há mais…

Há aquele que tem medo de apanhar doenças. Não anda de transporte público porque são antro de Vírus, Viroses & Companhia, Lda., andam de toalhitas e spray e passam o tempo a limpar as mãos quando tocam em qualquer sítio. Têm medo de um simples resfriado ou constipação e depois… fumam como se fosse um antiviral qualquer. Deve ser isso, porque de outra forma… Como perceber o terem medo de algo que tem tratamento, é curável e nada temerem sobre as substancias que ingerem ao fumar e que no seu maço diz apenas “FUMAR MATA”!?!?

Ou aqueles que fumam quando têm frio para aquecer. Caso não engulam o cigarro acesso… Como pode este aquecer!?!? A não ser que façam do cigarro uma pequena fogueira ambulante… A sério que nunca ouvi dizer que a intoxicação aquecia.

E as que se preocupam a escolher o melhor dos perfumes!? Que têm aromas para cada estação e para cada indumentária. Saem de casa todas cheirosas e entram ao fim do dia com uma mistura de “perfume francês com tabaco”. Creio que já não conseguem ter o olfacto em condições, caso contrário…

Depois há aqueles que se vangloriam como se fossem heróis. Não contam cigarros/dia, contam maços. E ao dizerem a quantidade só falta dizer “Sou muito bom, suporto mais produtos tóxicos no organismo do que tu…” Como se fosse uma actividade radical, onde o objectivo é ver quanto mais se consegue fumar, sem acontecer nada derivado desse facto. A quem acontecer… perde, é considerado um fraco. Muito ao género da roleta russa. Até um dia…

Também há os mini consumidores. Fumam três ou quatro cigarros/dia. Pensam assim, que não são dependentes e não é aquela quantidade que lhes pode fazer mal. É a maneira de se enganarem a elas próprias. Aliás! Só os fumadores é que conseguem entender as desculpas uns dos outros. Como só eles conseguem entender o porquê de puxar um cigarro quando o seu interlocutor também puxa. Solidariedade!? Uma questão de cortesia!? Mas que raio… Não entendo muita coisa, mas o que não percebo mesmo é o fumar só porque o outro também fuma. Será que não têm uma coisa a que se chama cérebro!? Será que o vício de um organismo se transmite a outro? Ou é uma questão de produtividade? Fumando cada um o seu, aumenta a névoa à sua volta e ainda alastra para outra zona!?...

Por fim, ainda me lembro dos amigos do ambiente. Preocupam-se com a camada do ozono, reciclam, utilizam lâmpadas económicas e depois… beata para o chão que é o lugar dela. É vê-las voar de todo o lado – da janela do automóvel, da janela de casa, … no meu tempo isto tinha um nome, mas como as coisas evoluem eu é que devo de estar mal por não achar graça à falta de higiene e à pouca consideração que têm pelos outros.

Acredito seriamente, que as pessoas que fumam não se apercebem da figura que fazem, por vezes, ao fumar. Em alguns sítios fechados, foram criadas zonas de fumadores. Geralmente num cantinho onde a circulação de ar é deficiente. Então é vê-los naquela área minúscula, uns em pé, outros sentados, partilhando um cinzeiro, sob a névoa “londrina”que só eles conseguem suportar. Costumo chamar a estes sítios “casa de chuto”. Vão ali, consomem e vão embora como se nada fosse. Demasiado deprimente e triste. Como é possível, o Ser Humano se sujeitar a certos comportamentos por causa de um vício que os próprios conscientemente criaram? Outro caso é o ver à porta das empresas aglomerados de fumadores. Uma pessoa que entre no prédio e mesmo que não queira, “fuma” logo um maço inteiro, tal é a quantidade de gente que por vezes se junta naquele ritual, na rua, mas à entrada.

Sim! Fuma quem quer, têm esse direito. Cada um escolhe como viver, bem como acabar consigo próprio. Há gente que faz um esforço para viver o máximo de anos possível junto de quem gosta, já outras, tentam apenas viver o indispensável mas de aparência bonita, enquanto apodrece por dentro e raramente pensando naqueles que deles gostam – chama-se a isto egoísmo. Que os próprios se metam na “jaula” dos fumadores, é uma coisa. Outra é arrastar, por exemplo, os filhos. Quantas vezes já me deparei com pais acompanhados dos filhos, que escolhem lugares destinados a fumadores nos restaurantes e/ou cafés. Questiono o quanto os possam amar, o quanto lhes querem bem. Na rua não os deixam brincar, porque é um sítio sujo, cheio de bactérias, a relva tem porcaria de cão e no entanto… iniciam-nos como fumadores passivos.

Não sou fumador. Não suporto o cheiro a tabaco e entristece-me ver familiares e amigos a fazer as figuras atrás descritas (e outras). Ainda para mais, sabendo do mal que faz. Não consigo ser indiferente. Quando o fazem, evito olhar para elas. Prefiro olhar para o ar, sem nunca deixar de pensar… como a droga é uma coisa triste.


Nota: Este texto não foi escrito com nenhum intuito cómico. Nem sequer as situações foram empoladas. Infelizmente é a pura da realidade

sábado, 6 de novembro de 2010

Veneza

Veneza!...
Vêneto Italiano
Beleza sem igual,
Ruas labirínticas
Onde me perco...
Perco sem me perder
E contigo me quero perder
Na alegria de teu sorriso
No suspiro
De nossas almas.
Canais de agua turva
Límpida ao meu olhar
Quando teu rosto se reflecte
No seu ondular.
Vaporetos, Gôndolas
Navegam com destino
Navego eu
Até ti
Sem rumo definido
Com destino
A teu porto
Razão de viver
Existir.
Águas que transbordam
Alagando praças, ruelas
Invadindo portas fechadas
Entrando sem bater...
Bate meu coração
Invadido pelo teu Ser
Ritmo cardíaco
Valsa perfeita
Dançamos sem saber.
Veneza das Igrejas
Colossais, monumentais
Das Pontes que atravessam
Margens de canais.
Pontes da vida
Difíceis de passar
Quero de mão dada
Contigo atravessar
Contigo abraçar,
Permanecer, estar
Onde reine felicidade
Alegria constante
E saudade
São horas
Não dias semanas.
Veneza das mascaras
Fantasia, Carnavais
Brincadeira de uns dias
Sonho de outrora
Viagem real...
Como és bela Veneza
Mais bela ainda
Com tua presença
Veneza das Venezas