quinta-feira, 31 de julho de 2014

Praia do Torel



Muito provavelmente não tenciono lá ir. Não que esteja contra ou a favor, porque nem sequer tenho opinião formada. Se calhar por ser Sazonal e não algo definitivo.   
Conheço muito bem aquela zona. Bem perto do jardim de infância que frequentei e para onde a educadora nos costumava levar a passear e onde criava jogos para nos entreter - Houvesse bom tempo. 
Praia do Torel que fica lado a lado com a escola primária, onde a professora Guiomar me ensinou muito, durante quatro anos, a ser também quem hoje sou. Várias vezes o recreio, saltava do interior da escola, para o exterior, Não só para a zona do terraço da escola, miradouro excepcional de Lisboa, como da zona do lago onde vai ser implantada a praia ou mais uma vez, alargado ao jardim circundante onde cheguei a plantar uma árvore no seu Dia Internacional. Lago, onde um colega decidiu “entregar” o bilhete da professora para sua mãe e que uma das auxiliares da escola (naquele tempo “contina”) presenciou e recolheu... Tanta reguada que apanhou… Escola primária frequentada também por minha mãe, ainda do tempo, meninos de um lado e meninas do outro. Quem conhece a escola sabe das suas várias entradas e uma delas fica bem junto do dito lago. Houvesse escola e ao toque de saída, era entrar directamente na praia.
Anos depois de finalizada a escola primária, voltei ao Torel. Naquele mesmo lago, onde agora vão construir uma praia, só não tomei banho porque era “betinho” e/ou "certinho" de mais. Não me lembro se algum dos meus irmãos tomou, mas vários amigos e colegas de brincadeiras de rua assim o fizeram. Quem diria!? Visionários!...
Depois!? Começou a ganhar má fama e simplesmente deixámos de o frequentar. Mais! Meu pai proibia-me de frequentar o Torel e assim obedeci. Quem lá ia sabia bem quem encontrar e o que encontrar. Conhecíamos bem os frequentadores, mas felizmente, a maior parte de nós, seguiu o outro lado da vida. Não os conseguíamos evitar por completo, porque várias vezes passavam na nossa zona de conforto, que era a Rua do Passadiço e o respectivo campo de jogos e acabávamos por trocar conversa da treta durante uns minutos. Era isso! Uma treta de conversa onde basicamente ouvíamos os feitos da droga e para a droga. A miséria de ver miúdos de 14 anos completamente pedrados e já com ficha policial.   
Passei por lá há dois ou três anos atrás com a Isabel e uns seus colegas e fiquei contente por estar novamente diferente, de ter rejuvenescido. E se hoje vão fazer lá praia, desporto e trazer a cultura até ao Torel, só tenho a agradecer a quem dele não se esqueceu. Foram muitos anos… e é uma de muitas zonas de Lisboa, que faz parte de mim.