terça-feira, 17 de maio de 2011

"O Principezinho"

Aos trinta e cinco anos, li pela primeira vez “O Principezinho” - versão original. Há muito que ouvia falar do livro, talvez minha vida toda até à presente data, sem nunca sentir curiosidade para o comprar. Pior que isso, só mesmo as pessoas que já o leram e não sentiram necessidade de o oferecer. Imperdoável. É o tal livro que todos deviam ler, de preferência em criança, na fase em que ainda se está a formar o carácter, a personalidade.

Muitas são as ilações que se podem tirar da obra. Depende de quem o lê, da personagem que se adopta como sua e do seu imaginário para colocar a acção.
Facilmente coloquei-me na pele do escritor, na criança que desenhava o que os adultos não percebiam, no já homem aviador que se despenha no deserto, se entendermos a obra como uma auto-biografia.
Pensava ser o único a não perceber o Mundo complexo que é o dos Homens. O primeiro a sentir-me “perdido” neste planeta de nome Terra. Mas não fui… Antoine de Saint-Exupéry relata tão bem o que minha alma vive, presa, sem ninguém a entender. Quantas “rosas orgulhosas”, julgando-se únicas, importantes, me fazem pensar em partir. Procurar outro planeta onde a importância seja isso mesmo – o de ter importância, onde o essencial não seja visível para os olhos, onde o coração escute e fale sem receios, medos. Não a beleza, a ambição, o poder, que destrói a criança e dá lugar ao adulto que se consome a si mesmo. Dia-a-dia, sem “ver” passar o tempo, sem dar conta dos anos a passar e da vida que não foi.
Como é difícil ouvir as estrelas a rir e devolver em troca um sorriso, sem o Bicho-Homem questionar nosso estado de sanidade. Como é difícil cativar o Bicho-Homem, cuja amizade está sempre associada a um interesse e cuja passagem por nós não deixa nada. O ensinamento da “raposa” passa ao lado. Um vazio no Ser que carregam.
Quantas vezes me questionam, quando digo que os dedos de uma mão são suficientes para contar meus amigos. Duas, se for mais abrangente. Já conhecidos, eram várias as mãos.
Tu, Antoine, entendias-me na perfeição e juntavas-te a mim, tenho certeza, quando questiono “O que é isto que se passa na Terra!?” Viver… É a vida… dizem uns… muitos… uma maioria… um Mundo, o nosso Mundo.
E eu, calado, deslocado, sem perceber esta vida, procuro um cantinho, onde possa olhar o céu e no meio de tanto “barulho”, consiga ouvir minha estrela a rir. E assim… conseguir sobreviver.

Agradeço a ti, Isabel, por me teres oferecido este livro. Este livro, que deveria ser obra obrigatória em todas as escolas.

2 comentários:

  1. :)
    De nada... mas tu não o querias;) Não querias que eu o comprasse para ti:)

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  2. :))
    Sabes como sou... Na altura tinha preferido uma fartura LooooL :P
    Mas agora não, a opção foi a melhor :D
    Beijoca :D

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