Faz hoje oito dias, o que ditou o atraso na chegada ao destino…
Uma viagem de comboio, de Alfa, igual a tantas outras. Não sei qual a probabilidade de acontecer, mas parece-me ser suficientemente grande dada as inúmeras vezes que é noticia.
Posso dizer, que não foi nada agradável, passar em sentido contrário e ver um lençol branco, estendido, junto à linha, já na berma, cobrindo aquilo que era mais do que evidente – um corpo, ou o que restara de um corpo, dado que pedaços do mesmo, ainda estavam espalhados ao longo da linha…
Dado o sítio onde ocorreu, presumi logo que tivesse sido suicídio.
Fiquei a pensar naquela situação durante o resto da viagem… e do dia… e ainda no dia seguinte. O desespero que pode assolar a cabeça de uma pessoa para enfrentar, como se de uma arena fosse, a força bruta de um animal. Mas neste caso, o “animal” era um Alfa. Só, o mais veloz dos comboios que circula naquela linha e em Portugal. Não consigo imaginar, se sentiu algum tipo de dor, dada a velocidade a que terá sido o embate… ou a rapidez com que lhe passou por cima. Nem sequer o desespero que a possa ter levado a uma loucura limite. Só consigo imaginar que é grande, enorme… fora de qualquer controlo.
Podia dizer que é, era preciso ter coragem para uma atitude daquelas. Mas isso era se estivesse no seu perfeito estado. Não acredito, que, quem comete suicídio, esteja de pleno equilíbrio mental e logo não há aqui, lugar a coragem. Só alguém que precisava de ajuda e não teve ou não foi suficiente.
E pensei em outra vítima – o maquinista. Que nada pode fazer, travar é impensável e desviar-se impossível. Resta-lhe fechar os olhos, abrandar após o embate e lutar contra possíveis traumas psicológicos. Só de pensar… Ainda penso… e já passou uma semana. E não sou o maquinista...
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